Ciduca Barros
Terminou a Festa de Sant'Ana de Caicó (RN), versão 2019.
Como sempre, os caicoenses viveram intensamente a sua festa. Assim como nas anteriores, repetiram calorosamente tudo o que já fizeram em festas passadas: dançaram, abraçaram veementemente seus conterrâneos, cantaram, namoraram muito, fizeram suas orações para Sant’Ana e comeram e beberam tudo o que tinham direito.
Aliás, retifico, não “repetiram tudo o que já fizeram nas anteriores”. Por quê? Porque aqueles da minha geração não “rodaram” nos carroceis nem na roda gigante. Por quê? Porque nossas labirintites não nos permitem mais!
Quem não nasceu em Caicó jamais irá entender a magia que exerce sobre nós uma Festa de Sant'Ana. Para nós, caicoenses, parece que uma força, que não podemos controlar, tem o poder sobrenatural e divino de invadir o nosso corpo e a nossa mente e nos renovar para a vida que segue seu rumo à procura do nosso destino.
Encontros e reencontros na Festa de Sant'Ana. Que venha 2020! |
Depois de também participarmos de mais uma monumental e animada Festa do Ex-Aluno do GDS/CDS, um dos vários eventos paralelos da Festa de Sant'Ana de Caicó, chegamos à conclusão de que também nunca conseguiremos esquecer aquelas carteiras escolares. Enquanto pensarmos naquele colégio, permaneceremos crianças, continuaremos moleques. Vencemos na vida, construímos uma carreira profissional, constituímos uma família, envelhecemos.
Tomados de encantamento, quando anualmente percorremos festivamente aqueles longos corredores, encontrando ali velhos e estimados colegas, parece que entramos num halo luminoso e mágico que nos transporta àqueles velhos tempos de incertezas, estudos e muita insegurança, mas que foi, essencialmente necessário à nossa formação.
Findo os festejos de Sant'Ana, voltamos dali com a alma mais leve, mas, numa contrapartida cruel, como consequência natural dos nossos excessos (consumo de muito álcool e muita comida engordiet), também voltamos com nosso corpo mais pesado, além de algumas taxas naturalmente alteradas.
E agora? A mente vai continuar flutuando até o próximo ano e quanto ao corpo vamos equilibrá-lo para enfrenar os excessos da próxima festa.
Baixa em mim, por ocasião das Festas de Sant'Ana, o mesmo sentimento estranho que sempre tive por ocasião do Dia das Mães. No dia dedicado às mães, eu sempre pensei naqueles que, infelizmente, as suas genitoras já partiram. Na época das Festas de Sant'Ana, eu sempre penso nos caicoenses ausentes. Por quê? Porque também tive um período de ausência de Caicó, premido pela distância geográfica, conheço e senti a “roedeira” (onde você leu “roedeira”, leia-se também “sofrência”) de um caicoense ausente e distante da Festa de Sant'Ana. Como sempre dizemos, “nós saímos de Caicó, mas aquela terra jamais sairá de nós”.
Escritor e colaborador do Bar de Ferreirinha
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