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domingo, 2 de junho de 2019

A pílula do dia seguinte


Ciduca Barros

Às vezes, eu me pergunto por que a moçada continua produzindo gravidez indesejada quando atualmente existem tantos meios contraceptivos.  
Até recentemente, eu nunca tinha ouvido falar em “pílula do dia seguinte”. 
A respeito dela, eu vi no Google que: “se usada até 24 horas após a relação sexual, tem um índice de falha de até 5%; entre 25 e 48 horas o índice sobe para 15%, e entre 49 e 72 horas o índice chega a 42% de falha”. 
Portanto, com essa bendita pílula, somada aos outros recursos, por que fazer filhos sem planejamento? 
Você, caro leitor, deve estar se perguntando se agora eu sou expert em Planejamento Familiar.
Não, eu continuo sendo aquele que não entende nada, mas teria que dissertar sobre contraceptivos para poder narrar esta história.
Determinado conterrâneo tinha uma vida sentimental muito conturbada.
Qual era o seu estado civil?  
Qual é o estado civil de quem já casou (e descasou) três vezes? – pergunto eu a título de resposta. 
Ele pagava pensões? Quase a totalidade do seu salário era destinada para pensões alimentícias – ele tinha filhos com três mulheres. 
Entretanto, seus imbróglios amorosos não o impediam de continuar procurando o amor de sua vida. 
Ele só tinha um pavor – voltar a ser pai e, consequentemente, aumentar seu dispêndio com pensões. 
E o seu terror era tanto que vivia dizendo aos amigos:
– Eu tenho que, urgentemente, me submeter a uma vasectomia. 
Ele nunca fez a vasectomia, e, de uma maneira tragicômica, foi apresentado à “pílula do dia seguinte”. 
Um belo dia conheceu uma garota. Marcou o encontro em determinado local e chegou ali rigorosamente no horário combinado. 
Destino? 
Um motel da cidade. E lá uma tragédia aconteceu. 
O que ocorreu?
A camisinha estourou. 
E agora? 
O homem entrou num pânico justificado e total, além de proferir todo o seu vasto vocabulário de palavrões, é claro. 
Naquele momento de aflição, a garota (que não era nenhuma santinha) lhe falou da redentora pílula. 
Imediato, desesperado e afobadamente, eles saíram correndo do motel à procura da farmácia mais próxima.
Com as roupas amarrotadas e com a cara de travesseiro, com os cabelos em desalinhos e com os olhos arregalados de pavor, ele entrou no estabelecimento e pediu o contraceptivo. 
A vendedora, mesmo notando o seu desespero, mas no afã de tentar explicar “o índice de falha” de um produto que era, na época, relativamente novo no mercado, perguntou:
– Há quanto tempo ocorreu o ato sexual?
– Já faz 20 minutos, mulher! E se você demorar muito eu estarei fodido e irei pagar mais uma pensão – foi a sua grosseira e angustiante resposta.

Escritor e colaborador do Bar de Ferreirinha

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