Ciduca Barros
Num país onde tudo parece degringolar, o Jogo do Bicho, considerado um jogo de azar e uma contravenção penal, continua sendo algo confiável. As pessoas apostam em qualquer birosca desta imensa nação e nunca ninguém ouviu comentários desairosos sobre os resultados, nem denúncias a respeito da falta de pagamento dos respectivos prêmios. Um fenômeno nacional.
No entanto, não estou aqui para fazer a apologia ao Jogo do Bicho, nem de qualquer outro tipo de jogo de azar. Estou aqui para relatar o que ocorrer de engraçado e divertido nas relações, mormente se praticado por minha gente engraçada lá do Seridó.
O seridoense, assim como os demais brasileiros, também faz uma fezinha no Jogo do Bicho. E como em tudo que o seridoense se mete provoca risadas, aqui estão duas historietas que juntaram meus conterrâneos e o Jogo do Bicho.
Historieta nº 01
O sujeito acordou de manhã e, rapidamente, vendeu tudo o que possuía e jogou todo o seu dinheiro no tigre. Diga qual foi o resultado? Tigre na cabeça. Quase quebrou o banqueiro.
Por ocasião do pagamento do prêmio, o banqueiro perguntou ao cara:
– Meu amigo, o que o fez vender todos os seus bens pra jogar no tigre?
– Foi um sonho – respondeu o sortudo.
– Você sonhou com o quê?
– Com um balaio de pão – respondeu, outra vez, o sortudo.
– E o que tem balaio de pão com o animal tigre? – voltou a perguntar, mais intrigado ainda, o banqueiro.
– E pão não é feito de farinha de trigue! - afirmou o analfabeto-sortudo.
Historieta nº 02
Numa determinada cidade, morava um barbeiro, que tinha fama de interpretar os sonhos dos seus clientes, indicando-lhes o bicho do dia.
Numa certa manhã, chegou um sujeito, contou o seu sonho e lhe pediu a sugestão do dia:
– Seu Cícero, ontem à noite eu sonhei com Violeta, aquela moça bonita, filha do nosso prefeito!
– Moça é borboleta! Pode jogar tudo na borboleta!
À tarde, o cara voltou à barbearia puto da vida com o barbeiro:
– Porra, seu Cícero! Eu joguei todo o meu dinheiro na borboleta e deu jacaré! E agora?
O velho barbeiro, que cortava o cabelo de um freguês, bateu a tesoura no pente e desfechou:
– Vai ver que a filha do prefeito não é mais moça!
Escritor e colaborador do Bar de Ferreirinha
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