Carreira militar

Ciduca Barros

Antigamente, os delegados de polícia das cidades do interior do estado eram policiais militares. Dependendo do porte do município, tínhamos ali um oficial, ou mesmo um simples sargento. Posteriormente, este sistema mudou. 

Atualmente o delegado é, obrigatoriamente, um Bacharel em Direito. 

Na década de 1960, servindo ao Banco do Brasil, eu morava numa determinada cidade seridoense, onde o delegado, na época, era um velho e rude Capitão da Polícia Militar. 

Ele era uma pessoa de trato fácil, mas em virtude da sua falta de polidez, as suas gafes ficaram famosas naquela cidade. 

Em consequência da evolução econômica da jurisdição, a agência do Banco do Brasil também cresceu e a Direção Geral resolveu construir ali um novo e moderno edifício. 

No dia da inauguração do novo prédio, nosso “poderoso” delegado cometeu mais uma das suas famosas mancadas. 

Como não poderia deixar de ser, estava ali reunido o escol da sociedade local, parte da clientela do Banco e, logicamente, as autoridades legalmente constituídas (civis, militares e eclesiásticas).

Entre as autoridades militares, estavam também o velho delegado e um jovem major do Exército Brasileiro, comandante de um Batalhão estacionado na cidade. 

Então, lá para as tantas, um grupo de pessoas, onde estavam, lado a lado, o velho capitão e o jovem major, conversava socialmente quando o delegado resolveu comentar a lentidão das promoções da Polícia Militar do Estado. 

– As promoções na Polícia Militar são uma porcaria! Eu sou policial há mais de trinta anos e ainda não passei de capitão.

E arrematou, magistralmente, colocando a mão no ombro do jovem oficial do glorioso Exército Nacional, ao seu lado: 

– Enquanto isso, no Exército, um merdinha desses, que tem a idade de ser meu filho, já é major!

Escritor e colaborador do Bar de Ferreirinha