Páginas

domingo, 23 de dezembro de 2018

O viciado em equinos


Ciduca Barros

Todos nós conhecemos alguém que é viciado em algo. Talvez até nós mesmos sejamos viciados em alguma coisa. 
Você fuma, caro leitor? Caso positivo, aí está o seu vício (e o de muita gente). 
Eu tenho um amigo que costuma dizer que existem vícios “positivos” e negativos. 
Em contrapartida, temos aquele ditado que diz: “tudo demais é veneno”.
Numa cidade do nosso Seridó existe um cidadão que é viciado em cavalos. 
Ele tem uma propriedade rural lá no seu município, tem uma criação desses animais e é, literalmente, viciado em equinos. 
Ele só fala em cavalos. 
Ele respira cavalos. 
Ele só pensa em cavalos. 
Ele é apaixonado por cavalos.  
O assunto dele é simplesmente: cavalo. 
Ele mete cavalos em tudo que diz. 
Se estiver numa roda de amigos e se alguém comentar:
– Eu estou com uma afta que está me incomodando. 
Ele aproveita o ensejo e desfecha:
– Eu tenho um cavalo que também está com um problema na boca. 
Certa feita, um grupo de amigos papeava na praça da cidade (entre eles o viciado em cavalos) quando alguém fez o seguinte comentário:
– Minha mulher agora entendeu de querer mandar em mim! 
Era a deixa que o fissurado em equinos queria para entrar com o seu assunto predileto:
– Eu tenho 30 anos de casado e de quando em quando a minha mulher cisma de botar uma “sela” em mim. Parece que ela quer me “montar”. 
E continuou equestremente: 
– Então quando ela se prepara para me botar os “arreios” e o “loro”, eu murcho as orelhas e lhe dou uns “coices”.

Escritor e colaborador do Bar de Ferreirinha

Nenhum comentário:

Postar um comentário