Tensão no Circo
A tensão estava no auge naquele circo.
Um dos momentos mais esperados estava em plena execução.
O silêncio era total.
Os espectadores mal respiravam.
Ninguém dava um pio.
No picadeiro, numa fortificada jaula, um feroz leão soltando urros assustadores e uma domadora gostosa, trajando um sumário biquíni.
A mulher era um arraso.
A domadora, ficou totalmente nua, deitou-se no chão e o leão, ainda soltando aterradores rugidos, aproximou-se lentamente e, como se fosse um inofensivo gatinho, começou a lamber o corpo desnudo da domadora.
A plateia foi à loucura.
Quando os aplausos terminaram e o silêncio voltou a reinar, um cara levantou-se lá do “poleiro” e começou a gritar:
– Grande merda! Isso também eu sei fazer!
Foi um espanto geral.
O locutor que narrava a cena, chamou o espectador corajoso:
– Pode vir, cavalheiro! Todos queremos ver a sua performance!
O sujeito desceu, sob aplausos dos presentes, e transpôs o espaço até o picadeiro.
Com o leão ainda soltando grandes urros e a mulher ainda nua e deitada do mesmo lugar, o locutor então ordenou:
– Pode entrar na jaula, cavalheiro!
O silêncio voltou a reinar.
Mais tensão no ar.
O cara olhou para a jaula, voltou-se para o locutor e exclamou:
– Tire o leão!
Ciduca Barros é escritor e colaborador do Bar de Ferreirinha
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