Ivar Hartmann
A queima do museu no Rio de Janeiro sem que seus responsáveis tenham sido demitidos e punidos, mostra o pouco valor que se dá no Brasil aos nossos museus, criados para guardar nossa história. Eles dependem da boa vontade de poucos contra o desinteresse de muitos. Governantes e governados. O Museu Nacional do Calçado, com sede em Novo Hamburgo que completa 20 anos, foi criado para arrecadar, guardar, conservar e expor calçados e afins da área, brasileiros e estrangeiros, para garantir que a História do Brasil e seus trabalhadores calçadistas não se percam. Deve sua existência e permanência a três pessoas a quem a comunidade intelectual nacional deve ser agradecida e reconhecida. Ao então prefeito da cidade Airton dos Santos que com visão política, promulgou a lei na forma como lhe foi sugerida. Ao viajante comercial e escritor Lauro Senger, cuja enorme coleção de calçados, fruto de décadas de trabalho, era de per si um museu. Foi o primeiro doador da nova entidade. E ao então vice-reitor da Universidade FEEVALE Cleber Prodanov, a quem o reitor da época, Lauro Tischer, entregou a responsabilidade de materializar o Museu de que a FEEVALE recebia a guarda. Enquanto sucessivos reitores passavam pela Universidade, ele manteve vivo o empreendimento que agora está consolidado. Mostrou competência.
Tudo começou quando fui a Romans, cidade de uns 30 mil habitantes nos Alpes franceses. Em um enorme prédio antigo, ela abriga o Musée International de la Chaussure. Se lá era possível, que diria em Novo Hamburgo, cidade maior e mais rica? Então descobri que a tentativa anterior de um museu do calçado fracassara quando a FENAC, empresa da Prefeitura, deixou à chuva o rico acervo do modelista espanhol Carrasco, residente na cidade. Os proprietários dos bons acervos sabiam do fato. Daí o então Prefeito reconhecer que o Museu só vingaria se entregue a FEEVALE, que teria a confiança dos eventuais doadores. Deu certo.
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