Cibazol
Muitas vezes, sou assaltado com pensamentos nostálgicos do passado. Um dia desses eu pensei nos remédios e nas meizinhas, com os quais nossa mãe nos medicava num passado remoto.
Então, num turbilhão de lembranças que me vieram à lembrança, estiveram: mercúrio cromo (que também foi tirado de circulação), Pomada Minâncora, Iodex, Cera Lustosa, Cibalena (um analgésico que contém ácido acetilsalicílico, paracetamol e cafeína) e o nosso velho amigo Cibazol.
Quanto ao Cibazol, eu gostaria de render a minha homenagem póstuma, uma vez que, de há muito, foi tirado de circulação.
Cibazol era um remédio popular e barato, comercializado por todos as farmácias e boticas de antigamente, que, infelizmente, com a chegada de novos medicamentos mais sofisticados (e mais caros, logicamente) perdeu o valor e desapareceu do mercado farmacêutico, sendo hoje sinônimo para qualquer coisa sem valor.
Vocês já ouviram falar naquela velha frase “Fulano de Tal não vale um Cibazol”?
Não sei se vocês vão concordar comigo, mas isto é a cara de um Brasil desigual e injusto. Um remédio barato e que resolvia os problemas de nossas perebas do passado, sai do mercado, sem nenhuma explicação plausível, e ainda vira piada.
A título de informação, mormente para aqueles que são da geração que não o conheceu (nem usou), o Cibazol era um antibiótico das décadas de 1940/1950, encontrado em comprimidos, ampolas, pomadas, etc., fabricado pelo então Laboratório CIBA (daí o nome Cibazol).
Minha mãe comprava sempre o Cibazol em comprimidos nas farmácias de Caicó de antigamente (Lino Guerra, Zezinho Gurgel e, posteriormente, Girson). Lembro-me bem de que, quando se tratava de alguma lesão externa, tomávamos um comprimido e ela ainda rapava outro comprimido e punha aquele pó em cima da ferida.
O Cibazol resolvia? Acredito que sim, pois, apesar das cicatrizes, escapamos e estamos aqui contando a história.
Obrigado, amigo Cibazol!
Ciduca Barros é escritor e colaborador do Bar de Ferreirinha
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