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quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Diarreias mentais - LXXX


Incompetência, falta de vontade política e descaso com a gente

Atualmente, nós vivemos uma triste e inusitada situação: o Açude Itans totalmente seco. Jamais poderíamos imaginar que um fato tão sombrio viesse a acontecer com um grande reservatório hídrico, que sempre povoou a nossa mente de caicoense como um gigante inesgotável. 
Nós que somos nordestinos e vivemos aqui sabemos, melhor do que ninguém, do sério problema de abastecimento hídrico do Nordeste Brasileiro. A falta constante de chuvas, o aumento populacional das cidades, bem como a alta evaporação da pouca água que os nordestinos conseguem acumular, têm trazido uma constante preocupação, não só para as autoridades oficiais quanto para a sociedade civil organizada. Dentro deste contexto, precisamos enfocar, especificamente, o nosso Seridó. Vasta e populosa região do nosso estado que, bem como as demais, sofre terrivelmente com a escassez de águas e suas sérias e preocupantes consequências. A constante e acelerada desertificação do Seridó, inclusive com a participação criminosa do homem, é uma realidade reconhecidamente visível, e é indispensável que se tomem medidas prementes para detê-la.  
Não é necessário ter formação em Engenharia para saber que a parede de um açude (barragem, barreiro, etc.) é construída com o material tirado do leito da sua bacia, consequentemente, formando ali o que conhecemos como "porão". Nas antigas fotografias da construção do nosso exaurido Itans vemos vários "buracos" (porões) feitos após a retirada do barro. 
O que sobrou do majestoso Itans
Agora, observem esta fotografia do Itans totalmente vazio (seco torrado, como dizia a finada minha mãe), feliz instantâneo captado pelas lentes de Jorge Luiz, com o seu leito parecendo um "campo de pouso". Cadê os seus porões? 
Com o açude seco e totalmente assoreado, por quê não foram feitos mais "buracos" (muito mais fácil hoje, com as modernas máquinas existentes) e devolvida ao nosso Itans a capacidade de armazenamento de água que ele já teve no passado?  
Não sei o que vocês irão responder.  
Eu tenho a minha resposta: incompetência, falta de vontade política e descaso das autoridades, legalmente eleitas, com a nossa pobre gente.

Ciduca Barros é escritor e colaborador do Bar de Ferreirinha

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