Ciduca Barros
Sabemos que, atualmente, os funcionários que ainda estão na ativa prestando seus relevantes serviços ao Banco do Brasil, diariamente estão sujeitos a assaltos e outros golpes menores.
Sabemos também que muitos desses servidores já contam histórias de dissabores ocorridas no desempenho da sua honrosa missão. Particularmente, eu acredito que já passou o momento de funcionário de banco perceber “adicional de periculosidade” – cadê os sindicatos da categoria? Em menor escala, a minha geração também correu riscos. Foram aventuras bem menores, mas também arriscadas, além de engraçadas.
Naquele tempo, as portas dos bancos não tinham roletas, nem tampouco guardas ou vigilantes. Através de portas altas e largas entrava e saía quem quisesse ou tivesse vontade – inclusive doidos, pedintes e vendedores de livros.
Num tranquilo expediente de uma calma manhã, na filial do Banco do Brasil da pacata cidade de Currais Novos (RN), na tumultuada década de 1960 (em plena revolução militar), de repente tivemos uma séria e bizarra perturbação da ordem.
Precedido de um grande barulho, com direito a vaqueiros aboiando e chocalhos tilintando, um boi mascarado, pesando cerca de 30 arrobas, invadiu desordenadamente as dependências da agência, fazendo com que todos os clientes que estavam sendo atendidos naquela hora pulassem por cima do balcão de atendimento.
Eu trabalhava no Setor de Ordens de Pagamentos, estrategicamente situado junto ao balcão, e na ocasião batia um cheque de ordem de pagamento, quando vi o emitente da ordem voando por cima do meu birô, chutando todos os carimbos ali existentes e se estatelando no meio do saguão interno (privativo dos funcionários).
A agência tinha um fornido balcão de cedro, que segundo um velho cliente é madeira que tem miolo. Quando o boi, em desabalada correria, pisou no ladrilho encerrado, escorregou, caiu e só foi parar quando se chocou com a porta que dava acesso à gerência da agência.
Assustado, suado, mijado e cagado, cada vez que o feroz animal tentava se levantar escorregava no suor, no mijo e na merda e voltava para o chão. Toda essa cena, ao som de mugidos ensurdecedores e assistidos por clientes e funcionários (uns em cima do balcão e muitos em cima dos birôs).
Depois de longos e intermináveis minutos, os vaqueiros amarraram as patas do boi e um jipe o puxou até a calçada, deixando um rastro nauseabundo dentro da agência durante muito tempo.
Escritor e colaborador do Bar de Ferreirinha
Vai ver o bicho queria protestar um cheque sem provisão de fundos. E sua vingança foi "maligrina"!
ResponderExcluirParabéns, Colega. Hilariante. Desopilei o fígado de tanto rir.Abraço.
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