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Busto de Dr. Chiquinho, Burra Cega, no Coreto da Praça Dinarte Mariz |
Ninguém é maior do
que pode ser,
mas pode ser maior
do que é
Francisco de Assis Medeiros
Na última sexta-feira de julho, dia 28, Caicó homenageou o ex-prefeito Francisco de Assis Medeiros com a inauguração de um busto e a nomeação do Coreto da Praça da Liberdade com o seu nome.
Familiares, amigos e autoridades prestigiaram o evento, realizado em frente à residência da família, que lhe serviu como local de trabalho, de descanso e, agora, de referência à inteligência e criatividade do povo de Caicó.
Burra Cega, como ele era carinhosamente chamado pelos eleitores no exercício do cargo de prefeito, está eternizado na memória do povo de Caicó e do Seridó.
Durante o ato, a senhora Zélia Dantas de Medeiros, viúva, após o descerramento do busto em homenagem a Dr. Chiquinho, pronunciou o seguinte discurso:
O dia de hoje é de agradecimento à Egrégia Câmara Municipal de Caicó pela distinção conferia a Chiquinho (Francisco de Assis Medeiros), nomeando este Coreto com seu nome, na praça Senador Dinarte de Medeiros Mariz, seu mentor político e amigo, por quem ele tinha uma profunda admiração.
Ser prefeito de Caicó ainda muito jovem e quando o município e o país enfrentavam momentos difíceis, foi um grande desafio.
Do seu plano inicial de governo, forjado nas reivindicações mais legítimas e populares, teve de lidar com a escolha das prioridades para executá-lo, ante a queda de receita, com o corte drástico das verbas públicas, já anunciado mesmo antes de sua posse; e o enfrentamento de dois anos da seca que assolou a região e abalou ainda mais a tão combalida economia do município.
Mesmo assim, muita coisa foi feita no âmbito administrativo, educacional e cultural. Conhecedor da zona rural, ele voltou sua atenção para os distritos de Lajinhas e Palma, descentralizando a administração, melhorando as estradas municipais, abrindo e mantendo escolas, postos de saúde e assistência direta aos pequenos fazendeiros, com a ajuda de órgãos como a Ancar, hoje EMATER.
Como um comunicador nato, utilizou todos os meios de comunicação disponíveis na época para transmitir ideias e visões de futuro aos conterrâneos e aos seridoenses sobre projetos que objetivavam o desenvolvimento conjunto da economia e da educação dos seridoenses.
Cultor do Direito, exerceu a advocacia plenamente, com a mesma dedicação, tanto nas causas mais simples quanto nos grandes embates enfrentados nas épocas em que chefiou órgãos públicos e autarquias estaduais e federais.
No entanto, sua compulsão pela leitura o levou a enveredar pelos caminhos da literatura e da pesquisa histórica.
O menino de Caicó que viajava através dos livros alçou voo e foi enriquecer sua já tão vasta cultura nos grandes museus, catedrais, palácios e obras monumentais ao redor do mundo. Brotou o escritor e o pesquisador histórico que nos legou obras de fôlego tanto em crônicas como em livros tais quais os que publicou nos últimos 15 anos de sua vida.
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Zélia Medeiros ao lado do busto de Dr. Chiquinho |
Como ele me dizia, ao fechar os olhos nas noites da praça deserta, passava a ouvir as retretas, o riso dos jovens quando namoravam e caminhavam ao redor da praça; o bulício das festas e a voz dos grandes oradores que por aqui passaram, como José Augusto Bezerra de Medeiros, Walfredo Gurgel, Dinarte de Medeiros Mariz e o Brigadeiro Eduardo Gomes, na época da redemocratização do país, quando candidato a Presidente da República
Daqui do alto agora verá o nascer do sol na fimbria do horizonte, delineando a Serra de São Bernardo, a Capelinha de São Sebastião e ouvirá o arrulhar dos pássaros desde o Poço de Santana. Se os pássaros a ele acolherem assustados pelo toque dos sinos da Catedral, serão bem-vindos.
Enfim, ele se chamava Francisco de Assis. Virá sobre si tanto o sol inclemente quanto a chuva benfazeja, tão cara ao coração dos seridoenses.
E quando a cruviana chegar, anunciando que a noite se avizinha e encrespando as águas mansas do Itans, seu olhar se estenderá pela Cidade que ele tanto amou.
Do homem, fica a lembrança. Para os amigos e familiares, a saudade. E para os jovens que não o conheceram, a lição de vida que seu espírito irrequieto para além do tempo sempre preconizou: “Ninguém é maior do que pode ser; mas pode ser maior do que é”.
Para os que creem em Deus, a súplica pelo seu descanso “in gloria dei Patris”.
Muito obrigada.
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