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quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Diarreias mentais - XLV


Qual o pior lugar para se estar? 

Há uma crônica da excelente jornalista e escritora gaúcha, com um pé no Seridó, Martha Medeiros, cujo título é Qual o melhor lugar para se estar?
No texto ela elenca uma série de lugares gostosos para alguém ficar e finaliza dizendo: “o melhor lugar do mundo é dentro de um abraço”. 
Vocês discordariam dessa assertiva da escritora gaúcho? 
Nada melhor do que estarmos envolvidos pelos braços de quem amamos.
Tomamos emprestado o tema de Martha Medeiros para também perguntar “qual o pior lugar para se estar?”. 
Existe lugar pior que a sala de espera de uma clínica médica?
Deve haver centenas deles, mas gostaríamos de inscrever mais um: a sala de espera de uma clínica médica.
Ficamos ali, segurando uma ruma de resultados de exames clínicos (às vezes, até com resultados nebulosos), com aquela parte da nossa anatomia que “não passa um cabelo”, sentados em cadeiras desconfortáveis (vocês já observaram como os assentos das cadeiras das clínicas, até de Ortopedia, não são anatômicas?), com um aparelho de tevê (mormente com uma péssima imagem) ligado num determinado canal onde somos obrigados a assistir “Vale a pena ver de novo”.
Agora vem o pior do pior lugar para se estar. 
Em nosso entorno, uma gama de pessoas conversando sobre os seus males físicos, parecendo uma disputa para ver quem está mais doente. 
Alguns chegam a mostrar cicatrizes de cirurgias e encaram, seriamente, o campeonato “minha mazela dói mais do que a sua”.
Somamos tudo isto ao crônico atraso dos senhores e senhoras profissionais de medicina para, mais uma vez, perguntarmos: existe um lugar mais desagradável para se estar?

Ciduca Barros é escritor e colaborador do Bar de Ferreirinha

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