Ciduca Barros
Logo que surgiu o redentor Viagra, quando ainda não se tinha nenhum conhecimento das consequências que poderiam advir do seu uso, os homens foram excessivamente cautelosos e tímidos na sua aquisição.
Diziam que alguns chegavam às farmácias falando tão baixo que os vendedores não os entendiam.
Certa feita, um cidadão, cheio de pejo e olhando para um lado e para o outro, entrou numa drogaria e, sussurrando, perguntou:
– Vocês têm Viagra?
O cara falou tão baixo e numa linguagem tão enrolada que o balconista não entendeu bulhufas:
– O senhor deseja o quê, cidadão?
E, novamente, com o mesmo palavreado engrolado, o sujeito repetiu:
– Vocês têm Viagra?
E, outra vez, o vendedor nada entendeu.
E aquela conversação se repetiu outras vezes, até que o rapaz do balcão da farmácia entendeu e falou alto e bom som:
– Ah! O senhor quer comprar Viagra!
Seria desnecessário dizer que todos (demais vendedores e clientela), curiosos, se voltaram para o acanhado comprador.
Nessa mesma época, numa cidade do nosso Seridó, onde a turma era ainda mais tímida na aquisição do azulzinho, conta-se que os homens do lugar chegavam à farmácia local e sempre diziam:
– Uma caixa de Viagra para seu Florentino.
Quem era seu Florentino?
Era o rico da cidade, com fama de namorador.
Assim, tudo ia dando certo até o dia em que a farmácia já havia vendido três caixas de Viagra “encomendadas” para seu Florentino, quando chega o próprio Florentino e pede:
– Me venda uma caixa de Viagra, por favor!
O dono da farmácia não se conteve e exclamou:
– O senhor tá com a gota hoje, seu Florentino!
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