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domingo, 3 de maio de 2020

Brigas

Ciduca Barros

Atualmente, a violência está generalizada e aquelas brigas do passado, sem muito sangue ou mortes, são difíceis de acontecer. 
Ou seja, aquelas velhas, românticas e engraçadas contendas de antigamente são mais raras. 
Hoje, são facadas e tiros para todos os lados, muitas vezes atingindo pessoas que nada têm com o caso.
Outrora, lá no nosso sertão, as brigas eram mais idílicas. 
É verdade que também escorria sangue, mas eram muito mais cinematográficas.
Uma noite, num distante passado, houve uma tremenda briga num bar da periferia daquela cidade seridoense. 
A polícia foi acionada, mas prendeu apenas um briguento. 
O outro conseguiu fugir.
No dia seguinte, na presença do delegado da cidade, um rígido capitão da Polícia Militar, o preso alegou que o outro contendor, na hora da briga, o ameaçava com uma arma muito perigosa.
– Que arma perigosa era essa? – indagou o delegado.
– Uma garrafa quebrada, com a qual ele tentou me cortar!
– E você não segurava nada? – perguntou o delegado.
– Segurava, sim senhor!
– O quê?
E, depois da resposta do preso, o senhor delegado, facilmente, deduziu o pivô da briga:
– Segurava a mulher dele!

Escritor e colaborador do Bar de Ferreirinha

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