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domingo, 9 de dezembro de 2018

A vaquejada


Ciduca Barros

A maluquice do seridoense se manifesta quando ele ainda é uma criança. 
O cara quando vem vexado, os sintomas aparecem ainda na infância. 
Pessoalmente, eu conheço todos desta história ocorrida lá mesmo em Caicó, num passado remoto que, por uma questão de preservação, vou omitir os seus nomes. 
Eles são pessoas das minhas relações, hoje todos homens de bem, mas eram estouvados.
Certa manhã, dois deles resolveram sair de porta afora, na direção da Praça da Matriz, brincando de vaquejada. 
Um na frente, era o boi, correndo e mugindo feito a gota-serena. 
Logo atrás, vinha o seu irmão, o cavalo, trotando feito doido.
Na esquina de seu Zé Ioiô, o irmão da frente chocou-se com uma respeitável senhora, Filha de Maria, que vinha da missa.
No choque a senhora caiu com direito a ir para um lado e o seu missal e o seu terço para o outro. 
Ainda do chão, a madame perguntou:
– Você é um cavalo, menino?
E ele, sem parar de correr, olhou para trás e também gritou:
– Sou não, sou o boi. O cavalo vem aí atrás. 
E ainda teve tempo de alertá-la:
– Cuidado!!!

Escritor e colaborador do Bar de Ferreirinha

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