Ciduca Barros
Naquele tempo, ainda se tomava Ordem de Pagamento, que a moderna transferência “on line” atropelou.
Numa agência do Banco do Brasil, recém-inaugurada na cidade de Jucurutu, cidade do Estado do Rio Grande do Norte, um cliente tomou uma ordem de pagamento, por telefone, a ser transmitida para a longínqua cidade de Marabá, no interior do Pará.
Na cidade de Jucurutu, com seu sistema de telefonia muito carente e ainda sem aparelhos telefônicos devidamente instalados nos imóveis urbanos, toda ligação teria que ser feita do Posto Telefônico local, com a péssima qualidade que o sistema apresentava.
Um funcionário, munido dos documentos pertinentes, deslocou-se para o Posto Telefônico e ali tentou transmitir a ordem de pagamento.
Tentou, porque naquele dia o sistema estava uma tragédia, e a coisa foi braba.
Completada a ligação, depois de grandes dificuldades, o servidor do BB de Jucurutu começou a gritar:
– Alô, agência de Marabá, aqui é da agência de Jucurutu, no Rio Grande do Norte, querendo transmitir uma ordem de pagamento.
O outro funcionário, lá na distante Marabá, sem ouvir patavina, gritava de volta:
– O quê??? Falando de onde???
– É de Jucurutu – repetia o outro.
O colega da agência de Jucurutu repetia tudo e o outro, lá no Estado do Pará, nada ouvia.
E assim continuaram por longos minutos.
O primeiro, em Jucurutu, gritava, o outro, em Marabá, nada entendia.
Foi aí que o funcionário de Jucurutu, colérico com a falta de
comunicação, resolveu gritar a plenos pulmões:
– É DE JUCURUTUUUUU, PORRA!
Em Marabá, o seu colega irritado com o que entendeu ser uma falta de respeito, bradou de volta:
– VÁ DAR VOCÊ, FILHO DA PUTA!
E, indignado, desligou o telefone.
Escritor e colaborador do Bar de Ferreirinha
Lembrei-me, com muita saudade, das impagáveis "Histórias Não Escritas do Banco do Brasil" e, mais ainda, daqueles gloriosos tempos em que, de fato, o BB sabia fazer História e os seus funcionários dela se orgulhavam.
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