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domingo, 4 de março de 2018

Um ramo*

Ciduca Barros

Certa feita, o balcão da Carteira Agrícola da agência do Banco do Brasil, de Currais Novos (RN), cheia de agricultores e o papo estava generalizado.
Um deles resolveu relatar uma historieta de um chifrudo lá da sua região:
– Lá em “nóis” tem um sujeito que é o corno mais sangue-frio que eu já conheci.
Todos se calaram para ouvir.
E o agricultor continuou:
– Uma “veiz”, “despois” do “armoço”, ele saiu “pro” roçado e, esquecendo “arguma” coisa, “resorveu” “vortá”. Quando “entrô” em casa “encontrô” outro “hómi” em “riba” da sua cama e em “riba” da “muié” dele. E sabem o que ele “falô”?
E o mutuário concluiu, dizendo o que o corno falou:
– “Muié”, você “indoidô”? Você “acabô” de “cumê” um pirão de mão-de-vaca! Quer “apanhá” um ramo, “disgraçada”?



*No Nordeste Brasileiro, “apanhar um ramo” é a expressão usada para designar um AVC (Acidente Vascular Cerebral)

Escritor e colaborador do Bar de Ferreirinha

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