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quarta-feira, 28 de março de 2018

Diarreias mentais - LXXXIX


Você sabe o nome 
do mau ladrão?

Estamos em plena Semana Santa. Todos nós, cristãos e tementes a Deus, conhecemos, desde crianças, quando aprendemos em nossas aulas de Catecismo, lá em Caicó do passado, sobre a brilhante e triste passagem de Jesus Cristo, filho de Deus, pela terra. Ele teve realmente uma vida brilhante e pura, pregando o bem e condenando o mau, mas, infelizmente, nós, pobres mortais, o fizemos sofrer e até o condenamos à morte.  
O mundo inteiro conhece a vida e a morte do Messias e todos, nessa época do ano, ficam compungidos e tristes e o veneram com mais ardor. Durante a Páscoa, quando nosso coração fica mais sensível, a nossa adoração ao Filho de Deus fica mais patente, quando isto deveria ocorrer em todos os dias do ano. Não devemos esquecer de que Jesus Cristo foi crucificado para nos dar a vida. 
Contudo, vamos nos focar na injusta e imerecida condenação de Jesus Cristo, depois de uma delação remunerada de Judas Iscariotes.  
Pôncio Pilatos, prefeito da província romana da Judeia, numa grande, monumental e histórica “diarreia mental”, lavou as mãos e, para ficar politicamente numa boa com o Sinédrio (assembleia judia, muito parecida com o nosso Congresso Nacional, formada também por anciãos da classe dominante que tinha funções políticas, religiosas, legislativas e educacionais) cheio de ciúmes (frescura de políticos) porque o povo chamava Jesus Cristo de Rei dos Judeus, resolveu interromper a sua trajetória santa na terra, exigindo a sua morte.  
Primeiramente, Pilatos que era um autêntico político, escroto e cheio de vaselina, com medo de tomar decisões (idêntico aos nossos políticos), valendo-se de uma tradição judaica, concedeu ao povo o direito de escolher qual dos dois acusados deveria ser solto e o outro crucificado.  Jesus Cristo ou Barrabás? Quem era Barrabás? Um ladrão, salteador e homicida, que estava preso, mais uma vez. E qual dos dois o povo escolheu? Fazendo escola para o eleitorado, brasileiro que vota mal paca, o povo escolheu soltar Barrabás, um cara que tinha o perfil de se filiar em qualquer partido político brasileiro da atualidade.  
Alguns historiadores dizem que houve uma forte influência do Sinédrio e, se verdadeiro, vemos aqui mais uma semelhança com o nosso magnânimo Congresso Nacional: um lobby para aprovar uma sacanagem contra um inocente, em proveito da velharia que tinha o mando político da Judeia. 
Segundo, nós sabemos o desfecho desta triste história: no gólgota, com flagelamento, sofrimento e humilhação, culminado com a crucificação e morte de Jesus Cristo, em praça pública entre dois ladrões.  
Segundo o Evangelho, um dos marginais que estava ao lado de Jesus Cristo no calvário, mostrando que ainda lhe restava um resquício de dignidade e honra, convertendo-se, pediu: “Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu reino” (Lucas 23:42). 
Esse convertido é hoje mundialmente conhecido por todos os cristãos, que jamais esqueceram o seu nome: Dimas, o bom ladrão! 
Como seria bom para o Brasil, e muito menos trabalhoso para o Judiciário Brasileiro e menos gente nas cadeias, se esses ladrões da política brasileira, de repete, inspirados em Dimas, o bom ladrão, parassem de espoliar o erário público e se tornassem também “bons ladrões”.  
Voltemos ao Evangelho. Dimas, o bom ladrão, toda a cristandade sabe o seu nome. E o outro larápio? Aquele que, segundo alguns historiadores ficou à esquerda de Jesus e zombou dele dizendo: “se és Cristo, salva-te a ti mesmo e salva-nos a nós” (Lucas 23:39).  Todos nós o conhecemos como o mau ladrão, mas qual era o seu verdadeiro nome? 
Eu sei, mas antes de declinar o seu nome, quero jogar uma pitada de suspense e fazer uma ponderação. Quantos maus ladrões nós temos na política brasileira? Ladrões anônimos, que vêm dilapidando o dinheiro público e nós, pobres contribuintes, não sabemos os seus nomes. Para mim esses são os mais perigosos. Silentes e sorrateiramente pilham diariamente o Brasil. De quando em quando, alguém sai do anonimato e se transforma num ladrão conhecido publicamente, mas, nem sempre é, convenientemente, punido. Como exemplos, citemos aquele que foi filmado correndo com uma mala com dinheiro de propina, aquele outro que foi filmado enchendo a cueca com dinheiro subtraído fraudulentamente e um outro que lotou um apartamento com milhões de reais surrupiados dos nossos impostos. Outros ladrões anônimos, mais cedo ou mais tarde, fatalmente, irão pisar na bola e perder o anonimato para a Justiça Brasileira e para o povo que paga seus altos salários.  
Vamos desejar a todos os brasileiros (cristãos ou não) uma Feliz Pascoa e peçamos a São Dimas, o bom ladrão, que interceda pelo povo brasileiro junto a Jesus Cristo, para que Ele continue nos ajudando a revelar nossos maus e anônimos ladrões para as autoridades judiciais. 
O nome do mau ladrão era Gesta!

Ciduca Barros é escritor e colaborador do Bar de Ferreirinha

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