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quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Diarreias mentais - LXXIX


O gato

O gato (Felis silvestris catus), também conhecido como gato caseiro, gato urbano ou gato doméstico é um animal da família dos felídeos. Em que pese ser conhecido como caseiro (ou doméstico), o gato é reconhecidamente um predador. Ocupando o topo da cadeia alimentar, o gato é um carnívoro e como tal um comedor natural de diversos outros animais (roedores, pássaros, lagartixas e alguns insetos).  
Entretanto, quero enfocar aqui o grande senso de orientação que têm aqueles felinos. Primeiramente, todos sabemos que o gato gosta da casa em que vive e não dos seus moradores. Conhecemos casos de pessoas que se mudaram, levaram o seu gato, e, inexplicavelmente, ele retornou ao seu antigo lar.  
Foi, exatamente, o que aconteceu nesse causo. Numa grande cidade, uma família alugou uma casa, onde, anteriormente, havia morado outra família que criava um gato. Um belo dia, magro e surrado da grande caminhada de volta, apareceu o gato da antiga família. 
– Eu não quero esse gato aqui em casa, nosso filho é alérgico! – reclamou a mulher. 
Todos os dias, o marido pegava o gato, colocava num saco e, no caminho do trabalho, soltava o bichano. Quando voltava do seu expediente, o gato já havia retornado à sua casa. E este vai-e-vem aconteceu várias vezes, para desespero da mulher.  
– Renato! Eu não quero este gato! Você precisa deixar esse miserável o mais longe possível daqui de casa.  
E foi o que o marido fez. Num domingo, após o café da manhã, o cara enfiou o gato numa caixa e partiu de cidade a fora. Mandou-se para um distante bairro periférico daquela metrópole. Entra em rua. Sai de rua. Desce ladeira. Sobe ladeira. Horas depois, soltou o indesejado gato e ainda afirmou: “quero ver você voltar, seu porra! ”. 
Chegou a hora do almoço e o marido não voltou para casa. Sua esposa, em casa, começou a se preocupar. Três horas da tarde, nada do marido. Cinco horas da tarde, cadê o homem? 
Já era noite, quando o telefone da residência chamou.  
Era o marido: 
– Dolores! O gato voltou? 
– Já está aqui, desde cedo. 
E veio o emocionante apelo: 
– Pergunte a esse filho da puta onde eu o deixei. Eu estou perdido, mulher!

Ciduca Barros é escritor e colaborador do Bar de Ferreirinha

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