Ciduca Barros
A história se repete.
O velho, viúvo, quer se casar novamente, mas com uma mulher jovem.
Os filhos, achando que essa ideia estava errada, se opõem.
Ele já tinha mais de 80 anos, com todas as mazelas a que tinha direito e ainda com certa deficiência auditiva, assim mesmo resolveu se casar com uma garota que tinha a idade de ser sua neta.
– Papai, por que você não casa com uma mulher da sua geração? – perguntava a sua filha.
– Pai, você não tem mais idade de satisfazer sexualmente uma mulher daquela idade – disse o seu filho.
– Você está por fora, meu filho.
E, enfaticamente, desfechou:
– Eu confio no meu potencial.
E a opinião dos filhos não prevaleceu.
Numa solene festa de casamento, numa das propriedades rurais do idoso, ele trocou alianças com a jovem.
Na noite nupcial do macróbio, com seus filhos, noras, genros e netos ainda ressacados dos festejos, os nubentes tomaram o rumo da alcova conjugal.
E um dos filhos, ainda com dúvidas sobre o desempenho sexual do patriarca, perguntou aos demais:
– Será que papai vai “dar conta do recado”?
Uma das filhas, ousadamente, convidou os demais:
– Vamos escutar atrás da porta?
E, pé ante pé, foram todos colar os ouvidos na porta e ouviram o seguinte diálogo:
– Tá entrando torta – alertou a noiva.
O velho, que tinha um alto índice de surdez, colocou a mão em concha no ouvido e perguntou:
– Tão batendo na porta?
Nenhum comentário:
Postar um comentário