Ivar Hartmann
Quem não quer ganhar dinheiro fácil? Basta ver os cassinos para sentir que é uma febre coletiva. Os bingos do Brasil se enchiam de pobres que gastavam parte de seus sofridos salários na busca deste ganho extra, mais difícil de achar que água no Saara. Em fevereiro deste ano o jornal de Novo Hamburgo, o NH, publicou extensa matéria sobre uma empresa que operava com ativos criptográficos, vendendo bitcoins no mercado. Chamava a atenção não a venda em si, negócio recorrente no mundo inteiro, mas a proposta do ganho inicial: incríveis 15% de lucro já no primeiro mês da compra. Como eram contratos com boa aparência, firmas reconhecidas em cartório, deveriam ser sérios. Deveriam. 55 mil brasileiros aderiram, movimentando mais de um bilhão de reais em poucos meses. Os sócios da empresa, novos Messias, pagavam o avençado e mais gente aderia. Felizmente pobre não sabe o que é bitcoin. Pessoas da classe média e rica tinham primazia no enriquecimento rápido. E o dinheiro jorrou, agora sim, como água, mas nesta Amazônia.
Os Messias tiveram seus direitos garantidos. Eles sacaram sua parte e aproveitaram: trocaram as casas modestas por palacetes, os autos usados baratos pelos melhores a circular em Novo Hamburgo e abasteceram seus guarda roupas e adegas. Infelizmente os demais 55 mil brasileiros vão ter um pequeno problema: afora os 15% iniciais, terão dificuldades em reaver sequer o investido. Vamos convir: gente com ensino médio ou superior, profissionais liberais ou donos de bons empregos, empresários e leitores de jornais e revistas, foram muito ingênuos em suas aplicações. De olho no ganho fácil com o papel com firma reconhecida, nem pediam a documentação da empresa. Em se tratando de dinheiro, é o mínimo necessário. E a firma criada pelos novos Messias não tinha autorização para operar. Assim o maná não caiu. Mais uns anos, como nas Filipetas, o mesmo golpe voltará. As pirâmides sempre atraíram os aventureiros.
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