A Bíblia Sagrada
Eu sou cristão, frequento regularmente os templos de orações e considero-me um homem temente a Deus. Não a tenho como livro de cabeceira, mas já li a Bíblia Sagrada, mais de uma vez, e tento, apesar do meu coração de pecador, cumprir os mandamentos ali expostos.
Sendo o livro mais lido do mundo, só um ímpio não consegue deduzir que foi realmente guiado por uma mão divina que as escrituras foram escritas, daí serem chamadas de sagradas. É plausível, portanto, indiscutível, o espírito de Deus nos mandamentos contidos na bíblia.
Jamais criticaria os versículos do texto sagrado - Deus me livre -, mas vocês, que também já a leram, hão de concordar comigo que ali não existe nenhum fato considerado hilário.
Por que nenhuma história engraçada?
Por que nenhuma passagem sagrada, mas divertida?
Por que nenhum momento que nos faça sorrir?
Será que os evangelistas não tinham senso de humor?
Será que os salmistas tinham maus bofes?
Por que nenhuma parábola, - que é uma narração alegórica -, foi escrita de uma maneira divertida?
Será que, aqueles que escreveram o Velho Testamento, também não eram bem-humorados?
Será que os escribas divinos – evangelistas, salmistas, profetas, apóstolos, etc. - não poderiam ter posto ali uma pitada de humor?
Assim como vocês, eu sei que se trata de um livro sério e destinado a levar a palavra e os mandamentos de Deus (como assim Ele o determinou) pelo mundo afora, mas sei também que Deus é sinônimo de amor, de piedade, de compreensão, de compaixão e de graça. E nada mais nos enleva, nos rejubila, nos alegra (alegria é riso, e riso é bom humor) do que as graças do Senhor.
Não quero ser um apóstata, mas repito que a Bíblia deveria conter algumas parábolas e narrações alegres (porém respeitosas) que também levassem a palavra divina a todos os crentes, de um modo mais ameno, agradável e até fácil de fixá-la na memória.
Seria difícil? Não acho - respondo eu.
Para comprovar como não seria impossível, ouso (se eu pequei, perdoe-me meu Pai!), tomo a liberdade de reescrever, sob a forma de contos populares, dois versículos bíblicos, que envolvem – de uma maneira engraçada, mas respeitosa - o nosso amado Jesus Cristo.
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Na passagem bíblica que fala da mulher adúltera, quando Jesus disse as conhecidas palavras “... que atire a primeira pedra...” (João 08:07), alguém ali presente não ouvindo direito o que o Mestre falara, perguntou ao seu vizinho:
– O que Ele falou?
Ao que vizinho respondeu:
– Ele está dizendo que, se alguém nunca errou, atire a primeira pedra.
Então o cara apanhou uma pesada pedra e acertou em cheio na adúltera.
O Senhor, assistindo àquele ato errado, perguntou, benevolamente, ao agressor:
– Meu filho, você nunca errou?
Ao que ele respondeu:
– Desta distância? Nunca, Meu Pai!
Logicamente, Jesus o perdoando, teve de explicar a todos que não era aquilo que Ele pregava.
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“E Jesus, entrando em casa de Pedro, viu a sogra deste jazendo com febre. E tocou-lhe na mão, e a febre a deixou; e levantou-se, e serviu-os”. (Mateus 12:14 e 15).
A cura da sogra de Pedro, contada pelos quatro evangelistas, foi mais um dos inúmeros milagres de Jesus, acontecimentos admiráveis que comprovaram o poder dado ao Filho por seu Pai.
As escrituras também narram:
“E, chamando a si a multidão, com os seus discípulos disse-lhes: se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me” (Marcos 8:34).
E Pedro, agora com a sua sogra devidamente curada, pegou-a pelo braço e começou a seguir o Mestre, como Ele pediu.
Jesus Cristo, protótipo de grandeza e benignidade, com toda a sua santidade, voltou-se e explicou brandamente ao seu discípulo:
– Pedro, deixa-a, não é este o tipo de cruz a que me refiro!
Ciduca Barros é escritor e colaborador do Bar de Ferreirinha
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