Mealheiros: humilhados e ofendidos
As mudanças ocorrem com tanta celeridade que, muitas vezes, nos deixam atordoados.
Vocês se lembram como nós e as gerações que nos antecederam poupávamos? Guardávamos nossas pequenas economias num velho e útil mealheiro.
Vocês se lembram dos mealheiros? Era um pequeno cofre, com uma fenda por onde se metiam moedas. Havia mealheiros para todos os gostos – de plástico, barro, folha-de-flandres (lata), etc. – e de todas as formas: casinha, cofrinho, animais (o mais disputado era o porquinho), etc.
Lembro-me bem de que, durante um período, a Caixa Econômica Federal, como fórmula de atrair as pessoas para sua Carteira de Poupança, distribuiu, gratuitamente, disputados mealheiros que traziam a sua logomarca.
Os tempos modernos chegaram, atropelando nossos simples, honestos, baratos e idílicos costumes. Os tempos atuais chegaram, trazendo em seu bojo, para os brasileiros comuns, dificuldades, vicissitudes e pasmos. E a velocidade dessas mudanças, sempre para pior, somada aos insuficientes salários, ao desemprego generalizado e a uma desprezível e generalizada desonestidade política, derrubaram o nosso romântico mealheiro.
Coitado do nosso porquinho, símbolo da poupança!
Por quê?
Porque gordos e cevados suínos, políticos comprovadamente desonestos, descaradamente, surrupiaram os mealheiros do povo brasileiro e guardaram os milhões de reais roubados em caixas e malas.
Nossos mealheiros foram roubados, humilhados e ofendidos!
Ou roubado, humilhado e ofendido está o povo brasileiro?
Ciduca Barros é escritor e colaborador do Bar de Ferreirinha
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