Juvenal Lamartine foi um intelectual, dos maiores que já passou em terras seridoenses. Letrado e estudioso! Nasceu no dia 9 de agosto de 1874, na Fazenda Rolinha, Município de Serra Negra do Norte/RN, filho do casal Clementino Monteiro de Faria e Paulina Umbelina Monteiro de Faria. Aprendeu as primeiras letras na própria Fazenda Rolinha, com seu pai e um mestre-escola. Em seguida, em Caicó, por volta de 1890, estudou francês e latim com o professor Manoel Augusto Bezerra de Araújo. Passou rapidamente por Natal, João Pessoa e em Recife concluiu o curso de Direito.
De volta ao Rio Grande do Norte, Juvenal Lamartine, depois de uma experiência profissional como Vice-Diretor do Colégio Atheneu e de redator do Jornal A República, foi nomeado o primeiro Juiz de Direito da Comarca de Acari. Por aqui ele contraiu núpcias com Silvina Bezerra de Araújo Galvão, filha do Coronel Silvino Bezerra e de Maria Febrônia. Na carreira política, propriamente dita, começou ainda jovem, em 1903, sendo Vice-Governador ao lado de Augusto Tavares de Lira. Em 1906, foi eleito Deputado Federal exercendo mandatos sucessivos na Câmara dos Deputados durante vinte anos. Em 1927, foi eleito Senador da República e em 1929 chegou ao Governo do Estado como Governador. Em toda a caminhada, livros lidos, anotações feitas, intelectuais visitados, ou seja, não perdeu a atenção pela própria qualificação, todavia, não se afastou dos temas que o aproximavam do povo, especialmente, do sertão, seus valores e desafios.
Ao sair da política, voltou-se ainda mais para as letras, tornando-se acadêmico e imortal do Rio Grande do Norte, sendo fundador e, posteriormente, presidente da Academia por alguns anos. Faleceu em Natal, no dia 18 de abril de 1956, cercado pela família e recebendo a atenção dos que o estimavam.
É de autoria dele um dos livros mais consultados pelos que gostam de temas relacionados à nossa região: “Velhos costumes do meu sertão”. A partir dos textos de Juvenal, no livro mencionado, encontramos pauta para uma prosa de qualidade em torno de temas do Seridó que a gente ama. Neste sentido, por exemplo, há um destaque para a conhecida hospitalidade sertaneja. Em tempos antigos, como bem relata Juvenal Lamartine, não haviam hospedarias nas cidades, sendo as pessoas de fora acolhidas nas casas das pessoas, algumas das quais sem qualquer parentesco, mas “desnecessário dizer que a hospedagem era farta, gratuita e louvada foi por todos os que cortaram os nossos sertões”.
No trajeto Acari a Natal, por exemplo, quando a viagem era feita a cavalo, já existiam os pontos certos de acolhimento. Juvenal Lamartine os relaciona: de Acari para Currais Novos, a primeira parada era na casa do Major Sérvulo Pires; no segundo dia, ainda em Currais Novos, “ao pé da Serra do Doutor”, na fazenda São Luiz de Dona Marica Pegado; em seguida, no território de Santa Cruz, na fazenda do “velho João da Mata”; ainda em Santa Cruz, na fazenda Inharé (de Antonio Patrício); de lá para Caiada de Baixo, pouso na casa de Francisco da Costa; continuando a viagem para Lagoa dos Cavalos, fazenda Cajazeiras (Antonio Serafim) e, ainda, uma parada em Várzea (residência da Sra. Canuta) para, finalmente, chegar em Macaíba. De lá, na “lancha do mestre Antonio”, era feito o percurso até Natal.
Pelas minhas contas, no roteiro mencionado por Juvenal Lamartine, somente no oitavo dia se chegava a Natal, saindo do Acari de nossas raízes, em um percurso pontuado pela generosidade de muitos.
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