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quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Diarreias mentais - CLXXXI


A vitaliciedade dos 
senadores brasileiros

Quem não se assustou com este título? Já pensaram numa praga maior? 
Um bando de maus políticos postos lá em cima no Senado Federal e, ainda por cima, para sempre. 
Quem pensaria em pior tortura para o espoliado povo brasileiro? 
Atualmente, nós já sofremos com o mau desempenho desses políticos e ainda ficamos contando os dias (nos dedos dos pés e das mãos) para podermos ter a oportunidade de defenestrá-los do poder, e se eles ficassem naquela pasmaceira para sempre?
Amigos, sosseguem o coração pois esta tragédia não acontecerá, mas vocês sabiam que nossos ilustres senadores já foram vitalícios em seus mandados? 
Alguém deve estar pensando: “Meu Deus! Então o estrago era bem pior!”
Em 1824 foi outorgada a primeira Constituição Brasileira, que vigorou até o advento da República, em 1889. 
Por aquela Constituição de 1824, os senadores eram vitalícios. 
Naquele tempo, o número de senadores estava vinculado ao de deputados por província, devendo ser eleito um senador para cada dois deputados por província. 
Entretanto, se uma província tivesse apenas um deputado, era permitida a eleição de um senador.
A partir de listas tríplices enviadas pelas províncias, o Imperador do Brasil escolhia os que deveriam compor a Câmara do Senado.
Então? Concordam comigo? A coisa não era mais sinistra ainda.
Vejam que pintura vocês podem ler na página 25, do volume I, do livro intitulado Reminiscências, do Visconde Taunay:
Vitalícios como eram, os senadores do Império acabavam necessariamente amigos, quase parentes, ao fim de 10, 20, 30 anos de intimidade. As divergências políticas não conseguiam estabelecer inimizades duradouras entre os velhos representantes do povo.
Às vezes, as discussões azedavam-se, tornavam-se violentas. No meio, porém, do tumulto, ouvia-se a palavra irônica do Cotegipe, reclamando calma, com uma antiga frase de Montesuma:
– Nada de brigas! Nada de brigas! Lembremo-nos que temos de viver juntos toda a vida!
Coitado do povo brasileiro! 
Antes e hoje.  

Ciduca Barros é escritor e colaborador do Bar de Ferreirinha

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