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terça-feira, 24 de setembro de 2019

Brincando de ser avô

Ivar Hartmann

Há milhões de maneiras de ser avó ou avô, todas respeitáveis, ainda mais que o neto de cada um é a criança mais linda, inteligente e fofa do mundo. De todos estes avós e suas afirmações, os únicos que eu, tenho certeza, tinham razão, eram os meus avós! Os netos têm que saber como tratar. Quando começam a incomodar ou estão de fraldas sujas, devolva-os o mais rápido possível aos legítimos proprietários. O que não impede os avós de auxiliar os pais na educação necessária dos pequenos. Eu, por exemplo, já ensinei o meu a fazer batucada nos móveis com duas colheres de sopa. A estourar o saquinho de papel dos talheres de restaurante. A afundar o dedinho na erva da cuia de chimarrão e depois sugá-lo, deixando a boca e os dentes verdes. E já anda a cavalo pilchado. Na folha seca da palmeira. 
O que queria contar, ouvindo psicólogas infantis, e que interessa é o seguinte: naqueles dias que antecederam o 20 de setembro, por todas as escolas gaúchas, se não todas, as melhores e mais queridas, comemorou-se a data magna do Rio Grande do Sul. E entre tantas atividades, uma é a música ambiente tocando os ritmos gauchescos pelos pátios e corredores. Em um final de turno, trouxe o piá para casa e, como chovia, não deu para andar a cavalo no pátio nem ver os passarinhos no bebedouro. Então liguei a televisão onde ele gosta de olhar, estático e fora do mundo, as peripécias da Galinha Amarelinha. Como era Semana Farroupilha, abri a TV no Youtube, no Hino Rio-grandense. E o guri, para minha surpresa, levantou do sofá e começou a pular acompanhando a música com os braços e rindo. Torci o pescoço da galinha. Em seguida, pelo YouTube, coloquei umas músicas do Teixeirinha e outras gauchescas de sucesso perene. E o piá continuou se agitando. Pergunta as psicólogas: não seria melhor ligarmos no YouTube as tradicionais músicas gaúchas para alegrar e sacudir nossas crianças, em vez de torná-las apáticas expectadoras de desenhos americanos?  

ivar4hartmann@gmail.com

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