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terça-feira, 6 de novembro de 2018

Em cima do muro

Ivar Hartmann

Nas recentes eleições brasileiras os adeptos de uma e outra candidatura classificavam seus oponentes ou de petralhas, alusivo a quadrilha de ladrões criada por Walt Disney, os irmãos Metralha, ou de fascistas por o candidato capitão defender o movimento militar de 1964 e seus componentes. Será que todos os 40 milhões de votos de um e 50 milhões do outro se podem rotular simplesmente de petralhas uns, fascistas outros? É óbvio que não. Mas então quem são os componentes desta massa de eleitores? A maioria de um nem outro grupo sequer sabe por que o chamam de petralha ou fascista. Segundo e mais importante, são eleitores de todas as idades, sexos, origens, religiões, escolaridade e riqueza, residindo em cidades grandes e pequenas, ricas ou pobres com bons ou maus serviços públicos. Em regiões que obedecem ainda hoje a caciques políticos como no Nordeste, ou onde eles desapareceram já no século passado, como no Sudeste. Com estes dados, quantos milhões de combinações são possíveis? O resultado são os eleitores.
Os cronistas políticos gostam de falar de que o fulano está em cima do muro. Muro figurativo e importante. Eles não citam, mas, se temos um muro significa que ele divide duas porções de terreno. Podemos dizer que de um lado estão os adeptos da esquerda e do outro lado os da direita. De qualquer lado, com carteira assinada em partidos políticos, apenas alguns milhares. Estão na planície em ambos os lados. Os milhões que decidem uma eleição, felizmente estão em cima do muro. O que é muito bom. Na antiguidade enquanto as batalhas eram lutadas, os comandantes ficavam nos pontos mais altos. Porque de lá é que se tem a visão correta do conjunto. Só dos pontos mais altos. Só de cima do muro se tem visão para ambos os lados, permitindo bem examinar os programas e candidatos da ocasião. Os que estão nas partes baixas do muro, me perdoem, não tem a visão ampla dos milhões que decidem eleições apoliticamente. Sem fanatismo.


ivar4hartmann@gmail.com

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