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domingo, 22 de julho de 2018

Subir é melhor do que crescer


Ciduca Barros

É inegável o catolicismo das pessoas humildes dos sítios e fazendas de nossa terra.  
Logo que você entra numa casa do nosso sertão encontra ali: nichos com estatuetas dos mais variados santos (oratórios), imagens de santos pregados nas paredes e portas, e, infalivelmente, um retrato ou estátua de Padre Cícero Romão Batista, padre que a Igreja Católica Apostólica Romana nunca aceitou como santo, mas que o povo do Nordeste do Brasil nunca o abandonou. 
Nosso singelo povo nunca tirou um rosário do pescoço, jamais passa defronte de uma igreja sem tirar o chapéu e sempre agradece com orações os favores recebidos de terceiros. 
Foi o caso daquela seridoense. 
Ela vinha a pé do seu sítio para a cidade, quando um conhecido comerciante do lugar, seu conterrâneo, parou o carro e lhe ofereceu uma salvadora carona. 
Quando chegou no destino, ela procurou pagar a passagem, o que o comerciante, logicamente, recusou. 
Então, o favor estava feito.
– Muito obrigada, seu Valdemar! Eu vou rezar para o seu negócio continuar crescendo. 
Seu Valdemar, que estava numa idade que dureza mesmo ele só via no trabalho, pediu a ela que mudasse o foco das suas orações:
– Eu estou satisfeito com o tamanho do meu negócio, D. Maria! Basta a senhora rezar pedindo pra ele subir.

Escritor e colaborador do Bar de Ferreirinha

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