Pobre é pobre até no ceu
Durante nossa vivência, cruzamos com pessoas que tinham o seu modus vivendi fora da curva normal, ou seja, eram desmanteladas.
Conheci um destes que, para mim, foi o protótipo dos demais. Bebia, fazia farras homéricas, casado infiel e fumava desbragadamente. Por total descontrole financeiro, teve que amargar dias duros e difíceis. Gastava mais do que ganhava e vivia dependurado em agiotas.
Certo dia, o vigário da sua cidade chamou-o para dar uns conselhos, a pedido da sua sofrida esposa que vivia costurando para sustentar os filhos:
– Meu filho! Você precisa se ajeitar! Olhe para a sua mulher e seus filhos! Você precisa ajudar a criá-los.
E resolveu o ameaçar com o fogo do inferno:
– E tem mais, quando você morrer vai ter que prestar contas a Deus e talvez nem vá para o céu!
O desmantelado argumentou com esta diarreia mental:
– Seu padre! Deus só quer pobre lá em cima pra quebrar pedras pra fazer coriscos!
Nota do narrador: Corisco é como o povo do Nordeste chamava raio ou faísca elétrica.
Ciduca Barros é escritor e colaborador do Bar de Ferreirinha
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