Ivar Hartmann
Minha geração sabia e esta geração sabe: nossos pais sabem menos do que nós. Podem ser carinhosos, nos dar sustento e educação. Garantir nossa saúde e segurança. Mas qualquer adolescente sabia e sabe: nossos pais têm mentes atrasadas. A par disso, quando eu era adolescente, a melhor maneira de virar homem, mesmo não tendo barba, era fumar. O vaqueiro do cigarro Marlboro, um tipo másculo, era a prova. Certo, ao final morreu de câncer. Os artistas de cinema então. Homens bonitos convivendo nas telas com mulheres lindas. Lindas! De cigarro na mão, em poses elegantíssimas, encontravam na nicotina a solução para seus problemas. Claro que eu queria me tornar homem logo. E passei também a fumar. Meu futuro foi interrompido por um irmão mais velho que me deu uma destratada e só não me surrou por pouco. Porque ele era viciado e sabia dos males do fumo sem poder deixá-lo. Passada a fase, fiquei homem ao natural e prescindi do cigarro, pela razão óbvia de que cigarro traz mau hálito e as mulheres gostam de beijar bocas perfumadas. Não foi? Com o tempo o cigarro foi proibido em locais públicos e em propaganda e as fumageiras desapareceram das telas.
Para darem lugar aos produtores de cocaína. Nas duas últimas séries da Netflix que assisti, apareciam figuras importantes do enredo cheirando a droga. Para resolverem seus problemas existênciais, fugir da realidade ou encontrar forças para enfrentar inimigos. Não tem o charme do cigarro na mão, mas a mensagem é a mesma de antigamente. Cheire cocaína, fume maconha, injete em seu corpo algum estimulante e a vida será um mundo de alegria. Em nossa época, tantos artistas do cinema e da música buscaram no uso de drogas resolver seus males ou melhorar sua desempenho. Conseguiram apenas belas lápides e sentidos prantos. Muitos atletas caíram dos pódios para a lama.
Concordo que cada um faça de sua vida o que lhe apraz enquanto não fira os direitos de seu concidadão. Agora, como nosso Governo, por um lado manda a polícia combater traficantes e por outro lado, permite a propaganda do produto vendido pelos traficantes? Voltamos ao tempo do cigarro. Para pior. Facilitamos a publicidade via filmes, de drogas proibidas pelo mal que causam. Hoje, pelo cinema, festa de adolescente tem que ter droga e sexo. É o que diz o figurino norte-americano. Como somos eternos macacos do pior dos americanos, devemos segui-los.
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