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terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Nós, nossos pais, nossos filhos

Ivar Hartmann

Antes: meu filho, de nome igual, também escreve para jornal. A respeito da renúncia, semana passada, do palhaço Tiririca, como deputado federal, concluiu o artigo: Nem o palhaço aguentou o circo. E os brasileiros têm de aguentar? Executivo e Legislativo corrompidos. Judiciário que tem frutas podres. Quando se fala em intervenção militar, mais e mais brasileiros pensam: não será esta a solução? Afinal comparando a honestidade dos governantes-ditadores de então com  agora, que diferença de homens. Perdão: eram homens. Os de agora são homúnculos. Mas o assunto é outro. Vejam a bondade de Deus. Todos nós partilhamos a vida com centenas de pessoas: cônjuges, parentes, amigos, colegas, conhecidos. Como cada um de nós é um, nenhum deles sabe todos nossos segredos, todas nossas vontades, todos nossos ideais, todas nossas propostas para o futuro. A par disso, nunca sabemos se quando silenciam ou concordam, realmente expressam o que sentem ou externam a verdade. Pior: nunca sabemos também se o que pensamos está certo, se o que vamos fazer é o melhor. Dirão que vivemos a existência em uma corda bamba. Em uma corda, sim, mas não vamos exagerar: não é bamba! Há, no entanto uma válvula de escape para os ocidentais que são comuns a todos nós, homens e mulheres. Vejam.
Quando nascemos, nas famílias onde pai e mãe não abdicam de suas obrigações, e nos criam para sermos adultos felizes e honestos, enquanto não “batemos as asas” como na linda canção Os Cardeais, eles são a lei e suas ordens, a vontade do superior. Então, em relação a nós, nossos pais não tem dúvida do acerto de tudo que dizem e fazem. Que válvula de escape, hem? Saber que uma, duas, três ou mais pessoas, não obstante a pouca idade, sabem, quem sabe tudo. Isso durante uns 15 anos. O que eles não sabem, é que, nós sim sabemos, eles não sabem nada! Mas, segredo hem. Passa o tempo, formamos família, reinicia-se o ciclo. E nós, durante uns 15 anos temos na nossa casa alguém que sabe que sabemos tudo. Em ambos os casos, contra o mundo lá fora, com suas adversidades, desencontros, críticas injustas e derrotas inesperadas, temos em nossas casas a mesma válvula de escape que nossos pais tinham. A tese é: durante largos anos da juventude e vida adulta, sabemos quem não sabe nada e quem sabe tudo. E ai de nossos filhos, de acharem, como nós, que os pais não sabiam nada...

ivar4hartmann@gmail.com

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