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quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Diarreias mentais - LXXI


Papai Noel, obrigado! Mas...
(Um continho natalino)

É interessante como o coração humano fica sensível aos problemas dos seus semelhantes por ocasião da época natalina. 
Ao som dos sinos natalinos, todos ficam bondosos e 
São cerca de 30 dias abençoados e cheios de bons samaritanos, quando deveriam ser 365 dias por ano. 
Este caso aconteceu exatamente no período natalino, quando o coração das pessoas (e suas bolsas) estava aberto à caridade. 
Chegou ao setor de correspondências dos Correios e Telégrafos uma missiva cujo endereço era o Céu e o destinatário, Papai Noel. 
Na triagem das correspondências, um funcionário detectou aquela carta, qualificada como fora do comum, e chamou a atenção dos demais servidores. 
Todos riram, mas um deles resolveu sugerir: 
– Vamos abri-la? 
E assim fizeram. 
Na correspondência, o remetente explicava ao Papai Noel a sua triste e mísera situação financeira (quebradeira: uma constante do povo brasileiro). 
Depois de detalhar todas as suas desgraças, ele fazia o seu pedido final: “a título de presente de Natal, estou precisando que o senhor me mande R$ 1.000,00”. 
Aquela carta, simples e direta, tirou o sorriso de zombaria do rosto dos funcionários e, com todos ouvindo os sininhos da bondade, um deles sugeriu: 
– Vamos fazer uma arrecadação entre nós e atender ao pedido desse coitado? 
E assim fizeram. 
Passaram o chapéu entre todos, mas, infelizmente, o recolhimento somou apenas R$ 800,00. 
Mesmo assim, eles puseram aquela quantia num envelope e mandaram para o endereço do solicitante. 
E esqueceram o fato. 
Esqueceram até o dia em que chegou nova correspondência daquele pedinte, novamente dirigida ao Papai Noel. 
Abriram também aquela carta e, com um deles lendo em voz alta para os demais, ficaram enternecidos com os sinceros agradecimentos que o sujeito fazia a Papai Noel. 
Com alguns deles ainda com os olhos úmidos de lágrimas emocionadas, ouviram as palavras que fechavam o texto da missiva: 
- Da próxima vez, eu sugiro ao senhor mandar o dinheiro através do Banco do Brasil, pois 'os ladrões dos Correios' ficaram com R$ 200,00.

Ciduca Barros é escritor e colaborador do Bar de Ferreirinha

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