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quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Ódio, raiva e outras tristezas

   

Ivar Hartmann

Semana passada morreu Maradona. Como tantas outras figuras expressivas dos esportes ou da música, carregam consigo uma multidão de fãs. Gosto de futebol, então tenho as minhas preferências entre os jogadores. Gosto de automobilismo, então opto pelo piloto tal ou qual. Minha preferência musical é a música clássica. E prefiro os arranjos de André Rieu. Mas, ao contrário, gosto da música pop e uma de suas máximas expressões, a Madonna. Ainda recentemente a Dilma confundiu o Maradona com a Madonna e externou seus pêsames aos fãs da cantora. Bem se vê, são opções pessoais de cada um, criadas a partir da admiração pelos dotes pessoais de seu ídolo, seja pelas pernas, braços ou voz. Natural que assim seja e as informações que recebemos dia a dia, noticiário a noticiário, sempre trazem algo a respeito. Mas as redes sociais criaram um outro tipo de pessoa: o anti-fã. Não gosta de determinada figura então externa de público, com ódio, sua repulsa a ele.

Temos que ver até onde é uma manifestação de um ser raivoso ou é um problema patológico, doença ou algo mórbido. Convenhamos que é perda de tempo externarmos pelas redes sociais nossa animosidade contra alguém. Naqueles dias da morte do Maradona, de quem não era fã, recebi, entre outras, duas mensagens diametralmente opostas. Uma, tranquila, que fiz questão de dividir, mostrava o atleta em sua mocidade, saltitando e fazendo piruetas com a bola. Aquecimento antes de um jogo. A outra cheia de rancor, de uma pessoa que enumerava todos os defeitos ou aquilo que achava defeitos do atleta. A primeira mensagem trazia prazer. A segunda tristeza, ante a pergunta lógica: como é possível alguém ter tanta ira por uma pessoa que, certamente, nada lhe fez de mal ou dissabores causou? Mergulhamos cada vez mais fundo em nossas próprias tristezas, quando nossos pensamentos em relação ao próximo, são buscar seus lados negativos. Um ditado diz que a pessoa que não gosta de ninguém, é porque ninguém gosta dela. E outro que fala que é mais fácil amar do que odiar. E Então?

Promotor de Justiça aposentado - ivar4hartmann@gmail.com


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