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terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Três mães, três filhos únicos

Ivar Hartmann

É difícil aos pais se separarem dos filhos. Lá no intimo temos um desejo – totalmente impossível – de que nossos filhos continuem ao nosso lado pelo resto da vida. Na verdade deve ser um sentimento egoísta porque pensamos do resto de nossas vidas e não da deles... Quando os colonos europeus vieram para o Brasil há 200 anos deixando as famílias para trás, vieram empurrados pela fome e vontade de melhorar de vida. Que a propaganda do governo imperial dizia ser a coisa mais fácil do mundo. Como sempre a propaganda era enganosa. Mas as gerações passaram e os colonos, se pudessem reencarnar, veriam que todos os sacrifícios foram válidos, mormente se pensarmos que seus descendentes são hoje os maiores responsáveis pelas riquezas que a agricultura nacional traz ao país. Tantas riquezas que permitem os sucessivos superávits anuais de nossa balança comercial. Há décadas.
Tenho três amigas cujos filhos únicos estão no caminho inverso. Uma o filho arrumou emprego melhor na Inglaterra e ela também se mudou para a Europa. Outra o filho arrumou emprego na Alemanha e ela se divide entre trabalhar no Brasil e ter o coração na terra de Goethe. A terceira tem saudades enormes do filho que estuda no Canadá, mas espera que ele consiga emprego e siga por lá. É um universo novo que se criou no Brasil com estes anos de dificuldades que o país passou. Os jovens como há 200 anos, se aventuram atrás de vidas melhores. As mães ficam para trás e quando o filho único cruza os oceanos, mais agora, chegando o Natal, sentem o aperto no coração que só a esperança de melhores dias para os filhos consegue remediar.  Saudade aliada à esperança. Feliz das mães do século XXI: a distância não é definitiva com o avião e a internet.

ivar4hartmann@gmail.com

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