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terça-feira, 22 de novembro de 2022

Dinheiro para políticos

                       

Ivar Hartmann

Não poderia esquecer. Uma vez fui candidato a deputado estadual. Despesas extras apareciam a toda hora. Em um mundo sem fim. Cada candidato fazia sua campanha com os recursos de que dispunha. Chamava-se isso democracia. No meu caso, dei azar. Minha família era remediada e a família da minha mulher, que era abonada, getulista e brizolista. Partido contrário ao meu. Resultado: nem um centavo caiu na minha guaiaca por colaboração afetiva. Minha então mulher e eu passamos um tempo pagando contas. Foi bom. Continuei promotor de justiça e nunca mais gastei centavo em política. Mas, no Brasil, os tempos mudam. E sempre para pior. Segundo o conhecido jornalista Cláudio Humberto, o Fundão Partidário, criado pelos políticos para fazerem campanha à custa da mãe pátria, que para eles é a próprias mãe brasileira, ascendeu a 5 bilhões de reais. Cinco bilhões. Como nossa democracia acabou, os atuais parlamentares, ainda recebem mais do que os pretendentes, forma de se garantir no cargo.

Esta verba é um escândalo. E todos calam. Isso veio à tona quando um filiado do PT, com 42 anos de vida partidária e larga folha de cargos ocupados pela legenda, desistiu de ser candidato porque receberia só 175 mil reais. Segundo ele, Maria do Rosário e Paulo Pimenta receberam cada um, um milhão de reais do partido para a campanha. Então agora, é assim:  o candidato entra só com a cara e, claro, os malandros com o vislumbre de ainda fazer uns “trocos por fora”. Ou alguém acredita que neste universo de candidatos, todos prestarão contas, tim tim por tim tim, do dinheiro recebido do povo? Sim. O dinheiro é nosso. De impostos pagos. Acreditem: estamos agora em plena ditadura. Dos parlamentares. E todos calam. Por interesses. 


Promotor de Justiça aposentado

ivar4hartmann@gmail.com

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