Um exército, qualquer exército, quando em combate que é a atividade para a qual foi criado, nunca abandona um seu soldado em perigo. Uma quadrilha de bandidos, qualquer quadrilha, quando em roubo para o qual foi criada, nunca abandona um sequaz em perigo. O STF, o brasileiro, quando em julgamento que é a atividade para a qual foi criado, nunca abandona um colega em perigo. O exército, a quadrilha, o STF tem portanto muitíssimos pontos em comum e resta saber para qual deles devemos mirar para avaliar em um a conduta do outro. Para facilitar ao leitor, vamos focar no Brasil. Nosso exército foi criado para proteger o território e os brasileiros genericamente. A quadrilha foi criada para atender especificamente os interesses de seus membros. O STF foi criado para julgar os casos dos brasileiros e, agora se vê, para atender os interesses de seus membros. O leitor pode ter ficado embaralhado, então vamos exemplificar.
Vejamos o Dias Toffoli, ministro do STF de larga fama e atividade partidária dentro do PT, assecla à época do José Dirceu, chefão petista condenado por corrupção. Toffoli já foi processado criminalmente. Já noticiaram sobre dinheiro grosso movimentado entre ele e a esposa advogada. Também que uma empreiteira reformou sua casa em Brasília. Agora uma delação premiada diz que recebeu dinheiro para vender duas sentenças. Que deveria fazer o STF para não se desmoralizar mais ainda, se isso é possível: ir atrás da verdade. Que fez o STF, com o voto inclusive do próprio investigado? Mandou arquivar a denúncia. Júlio César, na dúvida, divorciou-se da mulher. Brutus, na dúvida, matou Júlio César. Os Brutus do STF fizeram o mesmo. Estão longe de ser o exército dos brasileiros.
Promotor de Justiça aposentado - ivar4hartmann@gmail.com
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