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terça-feira, 9 de março de 2021

Os italianos da Serra Gaúcha

  

Ivar Hartmann

Para a faculdade em Passo Fundo a viagem era por estrada de terra, em um ônibus noturno de Porto Alegre. Serra enorme, curvas, sobe e desce por estradas estreitas. Muito frio no inverno. Uma vez que fui buscar minha irmã e as filhas em Iraí, por esta perigosa estrada de terra, e a velha Mercury perdeu os freios de tanto serem usados, na serra das Antas. Serras, rios e matas. Pouca gente morando. Como plantavam e viviam? Voltando algumas dezenas de anos. O litoral do Rio Grande do Sul e entrando para as Missões, é uma terra plana onde criar gado implicava em pouco trabalho em enormes extensões. Aí estavam os portugueses, primeiros a chegar. Depois a Imperatriz Leopoldina, austríaca casada com Pedro I, patrocinou a vinda de alemães para o Brasil e o Rio Grande do Sul. Como não havia mais terras planas e facilmente aráveis, foram deslocados para várias regiões do Estado e, nas proximidades da Capital, ocuparam as terras entre ela e as faldas da grande Serra Geral, hoje chamado Serra Gaúcha.

Sobrou aos imigrantes italianos quando vieram algumas décadas depois desbravar estas serras. Montanhas e vales cobertos de florestas. Sem estradas ou órgãos do governo. Protegidos apenas por sua tenacidade e culto a Deus. Gente rude e trabalhadora. Trabalhando com vontade e desejo de vencer. Logo, no meio da mata sugiram alguns povoamentos e alguns gringos mais aptos, abandonaram a lavoura para trabalhar no pequeno comércio e indústria. E, indústria é o que nunca faltou a esta gente. Vá a serra para ver e sentir. Trabalhadores antes pobres que com seu trabalho enriqueceram e enriquecem o Brasil. Oxalá todo brasileiro fosse igual, é o maior elogio que se lhes pode dar.

Promotor de Justiça aposentado - ivar4hartmann@gmail.com

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