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quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Homem velho ou seminovo?

                     

Ivar Hartmann

A medida que vamos ficando com maior idade, mais e mais pessoas são objeto de nossos julgamentos. Um longo convívio com uma pessoa nos permite avaliar seus defeitos e predicados. Dentro de nossa ótica e considerando nossos defeitos e predicados. Se uma pessoa é amiga, valorizamos seus dotes. Se é inimiga, consideramos mais seus defeitos. Assim é a vida e a sociedade. Então é difícil o caminho de um julgamento, por mais isentos que possamos ser. E quanto ao destino final, a morte? Das quatro maiores religiões do mundo, cristianismo, islamismo, hinduísmo e budismo, hinduísmo e o budismo são as únicas que tem menos adeptos do que os irreligiosos ou incrédulos. E todas tem em comum a crença em outra vida depois da morte. Ou por esperança ou por vaidade.

De qualquer forma, seja qual for nosso destino, ficamos chocados quando, por doença, morre algum moço entre as pessoas com as quais convivemos. Doenças e acidentes nos acompanham desde a infância. Também é do dia a dia daqueles que alcançam mais idade o comentário: “estou ficando velho”. Comentário negativo de que não nos damos conta, porque ficar velho implica em diminuir nossas capacidades. Mas não nos tolhe de viver a vida de acordo com as capacidades que restaram. Que seguramente são muitas. Então o comentário do dia a dia deveria ser: “sou seminovo”. Quem não gosta da vida por mais que as religiões nos falem da outra vida possível depois da morte? Crer em outra vida é ótimo para todos nós, mas existindo ou não, bom é viver. Com a família, parentes, amigos. Podendo, na medida   nas nossas possibilidades físicas e materiais, fazer aquilo de que aprendemos a gostar durante a vida. Não há mais carro velho ou usado, só seminovo. Como o homem. 

Promotor de Justiça aposentado

ivar4hartmann@gmail.com

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