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terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

País de praia e carnaval

Ivar Hartmann

Tem um livro, se não me engano do Garcia Márquez, cujo título é “CRÔNICA DE UMA MORTE ANUNCIADA”. Igual ao Brasil, terra de praia e carnaval. Aglomerações na praia = morte. Aglomerações no carnaval = morte. Todos sabiam que os excessos levariam ao aumento da contaminação do vírus chinês com a consequente superlotação dos leitos hospitalares e aumento do número de mortes. As batidas policiais para coibir festas particulares foram uma onda no oceano. Até porque, afora estes dois pesos a mais, as favelas estão super lotadas, os metrôs e os ônibus também e o único medicamento usado em quantidades no Brasil é a máscara. Verdade que na praia não dá para andar de máscara. Igual que em uma festa. E é da índole de cada povo. Alguns aceitam as proibições de não aglomerações. Outros não. Na civilizada Europa as pessoas foram a praia. Porque aqui seria diferente?

Então, ok, com o mesmo espírito desportivo vamos aguentar as consequências. Afinal o grande desportista nacional, o Bolsô, sempre fez alarde de que o vírus chinês não era nada. Não comprou vacinas quando elas estavam disponíveis no mercado. Como grande médico receitou medicamentos que podem inibir ou minorar os sintomas da doença, mas não combatê-la. E nunca usou a fundamental máscara, a não ser quando obrigado pela lei. O jornalista chapa-branca da Record, Augusto Nunes, que já foi sério e eu gostava de ouvir, comparou os mais de 250 mil mortos brasileiros com os mortos de outros países, para dizer que o Brasil não é o pior em mortandade. Que adianta isso para quem viu os seus morrerem? Como o Bolsô não demite o  incompetente ministro da saúde, culpado de Manaus, que consegue deixar as cidades sem vacinas?

Promotor de Justiça aposentado - ivar4hartmann@gmail.com

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