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quarta-feira, 18 de novembro de 2020

No tribunal


Roque Nunes

Ao Bar de Ferreirinha

Dona Babilônia – apesar do nome, não se podia dizer que era uma das sete maravilhas do mundo. 

Mulher mais vesga e verruguenta estava ali. 

Mas, deixa pra lá – era testemunha de um caso de sedução em Cajazeiras. 

Aliás, cidade pequena, sem muito ter para que as pessoas se divirtam, abundam os casos de sedução de moçoilas.

Vai que o Segismundo seduziu a Niquita, filha de dona Cornélia, que é parente por parte de pai da mãe do prefeito.

Que isso fique bem claro: em cidade pequena, quando se nomina uma pessoa há a necessidade de se dar a genealogia vertical e horizontal do sujeito para que não fiquem dúvidas.

Pois bem, dona Babilônia, a dita testemunha, chamada para afiançar as qualidades e donzelices da Niquita, antes do ocorrido caso de sedução, já aboletada no banco das testemunhas foi inquirida pelo advogado da defesa. 

Todo bom advogado para manter a pose de isentão, ou mesmo de alheamento das coisas mundanas da vida faz esse tipo de presepada.

– Boa tarde dona Babilônia. A senhora por acaso me conhece?

– Claro que te conheço Carlinhos, desde quando você era moleque – disse a velha em um sorriso de boca de muitos verões passados  Que decepção você foi para sua mãe! Desde pequeno esse moleque roubava. Era bala na venda de seu Manoel, ovo das galinhas de comadre Sinfrônia. Era e continua sendo mentiroso. Mentia descaradamente para o pai, matava aula. Já adolescente - você se lembra Carlinhos? - teve que fugir daqui por causa da filha de seu Laurindo. Aquela que você prometeu casar com ela, mas só queria papar a coitada, e seu Laurindo disse que se te pegasse na estrada iria arrancar suas bolas pela garganta. Você era porquera até não poder mais.

O advogado de pardavasco ficou transparente, pigarreou, tossiu e emendou:

– E o nobre promotor a senhora conhece?

– O Devair? Mas por demais da conta. Cansei de limpar esse menino que até os doze anos vivia se borrando todo. Agora é cachaceiro, nó cego, mentiroso. Me prometeu uma televisão nova e até hoje nada. Coitada da Laurinha, a mulher dele. Tem mais chifre que maxixe. Aliás, Carlinhos, uma das mulheres com quem ele sai é a sua viu? Ele ainda sai com a mulher do Chico, lá da Farmácia e até já se engraçou com a mulher do Osvaldinho, presidente da Câmara. Eu sempre falava para a comadre Crescência que o Devair não ia dar em nada. Ou ele se transformava em vagabundo, ou em advogado. Olha no que deu. Apesar de bem vestido, continua o mesmo safado de sempre.

O promotor não sabia onde enfiar a cara e se mexia para todo lado na mesa.

Nisso, o doutor Etevaldo, juiz sério, bate o martelo e chama o advogado de defesa e o promotor.

– Olha só. Já vou deixar bem claro: se qualquer um perguntar a essa velha se ela me conhece, eu mando prender os dois! Está claro?

RÉPLICA

Caro Colunista Fubânico Roque Nunes: 

Atingimos o orgasmo com a homenagem feldaputal ao nosso modesto e escroto blogue Bar de Ferreirinha feita ontem por você nas páginas do Jornal da Besta Fubana, nosso parceiro e comparsa.

Foi muito mais gostoso do que bater uma punheta de corpo presente na beira do rio.

Quando a pandemia passar, o dólar cair, o pau do editor-chefe subir, Trump provar a fraude na eleição americana e parar de nevar em Caicó,  você será homenageado com a Comenda Bar de Ferreirinha, a mais alta honraria conferida aos bêbados ilustres e anônimos que frequentam nosso balcão virtual.

Um abraço!

Pituleira e Roberto

Editor-chefe e sub-nitrato de Editor, respectivamente



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