Roque Nunes
Ao Bar de Ferreirinha
Dona Babilônia – apesar do nome, não se podia dizer que era uma das sete maravilhas do mundo.
Mulher mais vesga e verruguenta estava ali.
Mas, deixa pra lá – era testemunha de um caso de sedução em Cajazeiras.
Aliás, cidade pequena, sem muito ter para que as pessoas se divirtam, abundam os casos de sedução de moçoilas.
Vai que o Segismundo seduziu a Niquita, filha de dona Cornélia, que é parente por parte de pai da mãe do prefeito.
Que isso fique bem claro: em cidade pequena, quando se nomina uma pessoa há a necessidade de se dar a genealogia vertical e horizontal do sujeito para que não fiquem dúvidas.
Pois bem, dona Babilônia, a dita testemunha, chamada para afiançar as qualidades e donzelices da Niquita, antes do ocorrido caso de sedução, já aboletada no banco das testemunhas foi inquirida pelo advogado da defesa.
Todo bom advogado para manter a pose de isentão, ou mesmo de alheamento das coisas mundanas da vida faz esse tipo de presepada.
– Boa tarde dona Babilônia. A senhora por acaso me conhece?
– Claro que te conheço Carlinhos, desde quando você era moleque – disse a velha em um sorriso de boca de muitos verões passados – Que decepção você foi para sua mãe! Desde pequeno esse moleque roubava. Era bala na venda de seu Manoel, ovo das galinhas de comadre Sinfrônia. Era e continua sendo mentiroso. Mentia descaradamente para o pai, matava aula. Já adolescente - você se lembra Carlinhos? - teve que fugir daqui por causa da filha de seu Laurindo. Aquela que você prometeu casar com ela, mas só queria papar a coitada, e seu Laurindo disse que se te pegasse na estrada iria arrancar suas bolas pela garganta. Você era porquera até não poder mais.
O advogado de pardavasco ficou transparente, pigarreou, tossiu e emendou:
– E o nobre promotor a senhora conhece?
– O Devair? Mas por demais da conta. Cansei de limpar esse menino que até os doze anos vivia se borrando todo. Agora é cachaceiro, nó cego, mentiroso. Me prometeu uma televisão nova e até hoje nada. Coitada da Laurinha, a mulher dele. Tem mais chifre que maxixe. Aliás, Carlinhos, uma das mulheres com quem ele sai é a sua viu? Ele ainda sai com a mulher do Chico, lá da Farmácia e até já se engraçou com a mulher do Osvaldinho, presidente da Câmara. Eu sempre falava para a comadre Crescência que o Devair não ia dar em nada. Ou ele se transformava em vagabundo, ou em advogado. Olha no que deu. Apesar de bem vestido, continua o mesmo safado de sempre.
O promotor não sabia onde enfiar a cara e se mexia para todo lado na mesa.
Nisso, o doutor Etevaldo, juiz sério, bate o martelo e chama o advogado de defesa e o promotor.
– Olha só. Já vou deixar bem claro: se qualquer um perguntar a essa velha se ela me conhece, eu mando prender os dois! Está claro?
RÉPLICA
Caro Colunista Fubânico Roque Nunes:
Atingimos o orgasmo com a homenagem feldaputal ao nosso modesto e escroto blogue Bar de Ferreirinha feita ontem por você nas páginas do Jornal da Besta Fubana, nosso parceiro e comparsa.
Foi muito mais gostoso do que bater uma punheta de corpo presente na beira do rio.
Quando a pandemia passar, o dólar cair, o pau do editor-chefe subir, Trump provar a fraude na eleição americana e parar de nevar em Caicó, você será homenageado com a Comenda Bar de Ferreirinha, a mais alta honraria conferida aos bêbados ilustres e anônimos que frequentam nosso balcão virtual.
Um abraço!
Pituleira e Roberto
Editor-chefe e sub-nitrato de Editor, respectivamente
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