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domingo, 26 de julho de 2020

In memoriam



No mês de julho 
do estranho e 
histórico ano de 20


Fernando Antonio Bezerra
Ciduca,

Não sei se é dia ou noite por onde você está, então permita-me saudá-lo apenas com um “boa vida”! Sim, pela fé, enxergamos o horizonte que lhe abriga em nova fase. A partida é sempre um ato complexo e, no caso presente, agravada pela dor de sua família que precisou dividir o mesmo pranto, quase no mesmo dia, entre você e Aparecida, sua esposa.
De fato, conversamos poucas vezes durante a vida vivida no seu plano anterior. Além dos laços de amizade com meus pais, falamos sobre as coisas do Seridó que a gente ama e, particularmente, sobre minha experiência como candidato a Deputado Estadual em 2018. Mas, nas oportunidades tidas, alivia-me ter lhe dito que a sua produção literária me fazia muito bem e a muitos outros. Você nos contou histórias de Manoel de Neném, evidenciou a sabedoria de Dona Chiquinha, reconstruiu a memória do Banco do Brasil na região, narrou os casos de clientes e figuras da estima do povo que alegram a vida com simplicidade e, não raro, com apimentada criatividade, dentre outros assuntos. Conseguiu, fazendo uma boa mistura, contar quase tudo, sem perder o equilíbrio da receita.
Aparecida e Ciduca Barros, in memoriam
Com sua partida, Ciduca, sendo você um pesquisador da vida como ela é, pelo menos dois problemas estão no radar. O primeiro, com você seguiram também informações preciosas, roteiros planejados, artigos não escritos... O segundo, realmente, o seu estilo de escrever era muito próprio, de suas vivências, fatos ocorridos em circunstâncias singulares, portanto, difíceis de reprodução, ainda mais em tempos tão estranhos como os de hoje. Em palavras mais objetivas: para nós, seus leitores, você fará muita falta. Deixou um importante legado que, como dizem, quanto mais dividido, mais cresce. Para a família e para as amizades mais próximas, sequer ouso comentar sua ausência e de sua esposa, tamanho é o abismo da saudade!
Espero que você, do bom lugar que ocupa atualmente, atue para que outros seridoenses publiquem o que sabem sobre a vida sertaneja que emoldura nossa passagem por aqui. Conto, pela fé que aprendi a exercitar, que no céu existem várias moradas diante de Deus e, para os justos e bons, poltronas especiais. Você e Aparecida devem ter partido com assentos já reservados.
Receba, enfim, meu pessoal reconhecimento – que é de muitos outros também – à sua rica contribuição ao acervo seridoense dos bons escritos..

Fernando Antonio Bezerra é escritor, advogado e colaborador do Bar de Ferreirinha.

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