Até o século passado Brasil e Argentina eram países temerosos um do outro. Em um tempo em que a locomoção de bens e pessoas era feita por trem, cada país tinha uma bitola diferente de ferrovia, precaução para uma possível invasão do rival. Foi um tempo em que, o Império e depois a República, construiu dezenas de quartéis nas cidades do Rio Grande. O enorme número de oficiais gaúchos demonstra a facilidade de recrutar jovens no sul, facilitado por estas unidades militares disseminados pelo território. Estes quartéis também serviram e servem como locais de emprego. De forma direta ou indireta, milhares de pessoas tem neles suas fontes de renda. Estas regiões, a maioria delas dedicada a pecuária, com vários anos necessários para abater uma rês, com pouca mão de obra necessária, mudaram. Agora a agricultura, com duas safras anuais, faz a riqueza dos produtores rurais. Não mais a necessidade de extensas invernadas, nas mãos de poucos, mas lavouras de todo tamanho com muito mais pessoas envolvidas. Então o exército não é mais necessário. Nem para nos defender da Argentina, nem para povoar o território. Tão pouco para trazer progresso para as cidades.
Na Amazônia a situação é diferente. Lá agora se poderia denominar “território quente”. Florestas sem fim e sem proteção. Recursos minerais inexplorados ou explorados de forma irracional. Minerais nobres, que existem em poucas partes do mundo, já prospectados e que são desviados para o exterior de contrabando. Estrangeiros indo e vindo como se estivessem em seu quintal. E as queimadas aumentando em ritmo tão alucinante que os europeus resolveram suspender o dinheiro que enviavam para auxiliar no controle. Controle? Que controle podem fazer, por uma extensão de milhões de hectares de mata vazia, meia dúzia de fiscais civis sob proteção de meia dúzia de camionetes da PF? A certeza: o Exército já devia ter deixado as cômodas cidades gaúchas para mandar suas tropas para a Amazônia. Novos quartéis em novos locais. Quanto mais rápido melhor para o Brasil.
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