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domingo, 5 de janeiro de 2020

Uma namorada de peso


Ciduca Barros

Todos sabemos que o sucesso de nossa vida depende das escolhas que fizemos no passado. Aquele seridoense também sabe disso e, infelizmente, não pode mais mudar o seu destino. Em consequência de decisões erradas no passado, hoje está sozinho e financeiramente arrasado. A única coisa que não mudou em sua vida foi o seu bom humor.  
O homem continua bem-humorado, entrando em frias e rindo das suas enrascadas. Leiam mais esta daquele cidadão.
Sem mulher em sua vida, certo dia resolveu marcar presença num bailão da Associação das Viúvas, lá de sua cidade, onde conheceu uma presumível “mulher da sua vida”. Dançaram, conversaram, voltaram a dançar e continuaram a conversa. 
Ela caiu na sua cantada e aceitou o seu convite para dormir com ele, lá no seu cafofo. Na hora da saída do bailão, ele pediu duas mototáxis. Daí surgiu o primeiro impasse: três mototaxistas se recusaram a levar a mulher e um deles ainda disse:
– Essa mulher vai acabar com os amortecedores de minha moto!
A “criança” tinha 3 dígitos de peso. Depois de muitos diálogos e senões, um mototaxista resolveu levar a pesada encomenda, exigindo uma taxa extra.
Na porta do seu reduto, surgiu o segundo impasse. A mulher, antes de entrar, botou as mãos nas cadeiras e desfechou:
– Olhe aqui! Se não for pra dar duas trepadas, eu não tiro nem a calcinha!
Nosso personagem sentiu a agressividade da proposta, mas conhecendo a sua potencialidade, desfechou de volta:
– Pois então não bote nem a mão no elástico!
Apesar da rispidez do diálogo inicial, eles se entenderam e finalmente “dormiram” juntos. Ele na cama e ela numa rede. 
Segundo o próprio, no dia seguinte, ao acordar, não encontrou nem a gordinha nem a sua velha e desbotada rede.

Escritor e colaborador do Bar de Ferreirinha

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