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terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Dia após noite

Anderson Braga Horta  

Vendo o azul, que dilúculos augura,
da madrugada, e a mágoa do sol-posto,
quedo-me triste, e penso, com desgosto:
O mesmo céu que é berço é sepultura.
Assim também, um dia, no teu rosto,
nos teus olhos de cálida brandura,
vi tua alma a acenar-me, inda mais pura
sob o véu do cabelo descomposto.
Como a noite, porém, sucede a aurora,
tu me fugiste, e a luz, que me envolvia,
nas trevas se tornou em que ando agora.
Retorna entanto o sol, que antes morria.
E a minha alma, por isto, já não chora,
mas espera o raiar de um novo dia.


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