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quarta-feira, 6 de janeiro de 2021
Todos contra Sérgio Moro
Ivar Hartmann
Vamos ver. São inimigos do Sérgio Moro o grande juiz da Lava Jato, pela ordem de importância: o Bolsonaro, os ministros do STF Gilmar Mendes, Lewandowski, Toffoli e Alexandre de Morais, que tornaram o STF um tribunal espúrio. O Procurador geral da República Augusto Aras, recém nomeado pelo Bolsô para proteger seus filhos. O Lula, vigarista-mor da República e sua quadrilha de bandidos que destruíram a honra do PT. O grande corrupto de Minas Gerais, Aécio Neves. Dezenas ou centenas de políticos, senadores, deputados, governadores, prefeitos. Uma corja que leva dinheiro em malas, esconde dinheiro nas cuecas ou consegue mandar para o exterior. Dezenas de políticos que perderam o cargo ou estão na cadeia como o Sérgio Cabral. Membros do Congresso Nacional que estão por um fio para serem presos e necessitam vetar as leis a favor da população honrada. Os filhos do Bolsô. Daquele que queria ser embaixador nos Estados Unidos porque sabe falar inglês, ao que roubava dinheiro público do salário de seus funcionários. Os jornalistas chapa-branca, que ganham salários porque estão encostados nos gabinetes da camarilha acima citada.
Bem. Nenhum deles é meu amigo. Então tenho que crer que os inimigos do Sérgio Moro são também meus inimigos. Gente que infelizmente manda no Brasil. E deve ter muita coragem quem os enfrentou apenas munido da lei e de uma caneta. Apoiado por promotores de justiça e delegados federais nacionalistas que cansaram de ver o ruim vencer o bom, o bandido de colarinho branco solto e gastando o que não é seu. A pátria que amamos ser motivo de chacota no estrangeiro. Então, na verdade são milhões de brasileiros que são amigos do Sergio Moro até sem saberem. Por simples escolha entre o bem e o mal. E isso faz dele um homem temido pela bandidagem política. Vá que ele consiga arregimentar os milhares de políticos sérios, homens de bem em busca de uma bandeira limpa? Vá que tenham partidos políticos que também aspirem um novo Brasil? Vá que Deus olhe por nós, separe o joio do trigo e diga: basta!
Promotor de Justiça aposentado - ivar4hartmann@gmail.com
terça-feira, 5 de janeiro de 2021
Fé e caminhada pra levar o América à Série C
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Edison Cruz e Rodrigo Soares: tudo pela subida do América |
Dois amigos, fanáticos torcedores do América-RN, vão realizar nesta quarta-feira, 6 de janeiro, Dia de Reis, uma caminhada de 42 quilômetros para o time subir à Série C do Campeonato Brasileiro.
O gesto é o pagamento de uma promessa, numa mistura de religião com futebol muito comum entre torcedores de clubes de futebol no Brasil.
A travessia será feita pelos amigos Edison Cruz, Corretor de Seguros, e Rodrigo Soares, Gerente Geral de Logística e Transporte de uma grande distribuidora de alimentos do Rio Grande do Norte.
"É a união da fé com a paixão pelo futebol, especificamente pelo América", diz Edison Cruz, conhecido pelo apelido Toddyho, que fez a promessa em 2011 mas nunca teve a oportunidade de pagar. "Agora chegou a hora", garante, muito confiante no sucesso da jornada.
A fé em Deus dos dois amigos somada à fé da imensa torcida americana, pode dar uma forcinha para o time conquistar o acesso, embora seja uma tarefa difícil.
No último jogo, sábado passado, o América foi derrotado pelo Floresta, do Ceará, por 2 X 0, e precisa vencer com três gols de diferença pra subir à Série C.
Edison e Rodrigo, acompanhados por uma equipe de apoio, sairão da Praia de Barra do Rio às 3h30 e deverão terminar a Caminhada Mecão na Série C cerca de 10 horas e 42 quilômetros depois na Praia de Maracajaú, litoral norte do Estado.
O empresário Sanderson Sanderson Maciel, um dos apoiadores do evento, acha que a Caminhada Mecão na Série C poderá se habilitar à disputa do prêmio Fifa Fan Award 2021, vencido ano passado pelo pernambucano Marivaldo Francisco da Silva, torcedor do Sport Recife.
Ele ganhou porque caminha 60 km e atravessa três cidades para assistir aos jogos do Sport em Recife toda semana.
O desafio dos dois americanos Rodrigo e Toddy será registrado em vídeo e fotos para envio à Comissão Organizadora do Fifa Fan Award 2021, providência que vai habilitá-los à disputa mundial no fim deste ano.
PERCURSO
Barra do Rio - Graçandu - Pitangui - Jacumã - Porto Mirim - Muriú - Maxaranguape - Caraúbas - Maracajaú
segunda-feira, 4 de janeiro de 2021
domingo, 3 de janeiro de 2021
Messias estimula vacina como medida ambiental
Numa iniciativa surpreendente, que coincide com a chegada do democrata Joe Biden à Casa Branca, o presidente Jair Bolsonaro anunciou a primeira medida em defesa do meio ambiente de seu governo, que incentiva a vacinação em massa.
“Os onguistas não tavam reclamando que tinha morrido jacaré no Pantanal? Então quem tomar a vacina vira jacaré. Isso é compensação ambiental, tá ok?”
ONGs ligadas ao meio ambiente elogiaram a medida, e chamaram a atenção para o fato de ela ter sido anunciada por uma víbora com sangue de barata.
“É bonito ver o governo brasileiro homenageando a fauna dessa maneira”, comentou um ambientalista, lembrando também a campanha internacional de submissão canina de Bolsonaro a Donald Trump, além do programa federal de fomento ao comportamento burro.
O aumento da população de jacarés serve também para aquecer a indústria de sapatos, bolsas e acessórios.
“Agora fica claro o motivo do governo estar tirando o couro da população com coisas como inflação, atropelo na saúde e tudo mais”, observou um representante do setor.
Com informações do site The piauí Herald
Sodoma, Gomorra, Rio de Janeiro
Ivar Hartmann
O Rio de Janeiro deve ser a terra brasileira que tem o maior número de políticos ladrões por metro quadrado. Dos vigaristas conhecidos, graças a Lava Jato e operações similares, estão lá políticos que até bem pouco eram deputados, chefes de poderes e tinham de ser chamados de excelência. Nenhum aceitaria, por exemplo que lhe dissessem: “tu é um ladrão!” O correto é: “Vossa Excelência é um ladrão!” Mais um entra para esta longa lista. Marcelo Crivella, ex-prefeito do Rio de Janeiro. O problema é que ele carrega um título para lá do cargo público para o qual foi eleito exatamente por sua profissão: Bispo da Igreja Universal, apoiador e apoiado por Jair Bolsonaro. Mais: ele é sobrinho de Edir Macedo, o chefe da Igreja. Mais ainda: agora o Ministério Público e a Polícia Federal estão buscando o tesouro da Universal que, segundo dizem, representam as doações e oferendas de milhões de seguidores e que desaparecem em manipulações financeiras sem pagar impostos, igual aos proprietários da Igreja. Todos sabem que, não obstante o poder que tem o Papa, ele não é o proprietário da Igreja Católica. Muito menos tem donos as igrejas evangélicas tradicionais, criadas a partir de Martinho Lutero. Haja visto a maneira simples com quem vivem sacerdotes e pastores, com dinheiro sempre faltando para obras pias e reformas de templos. Com o dinheiro das oferendas sempre no mínimo.
As igrejas evangélicas modernas, ao contrário, com um dono e dinheiro entrando aos rodos, é um alto negócio. Não para os crentes, é lógico. As promessas de cura, bons negócios e bem aventurança na terra, tem agora preço. Como tinham quando os papas, precisando de dinheiro, criavam as indulgências: o crente pagava e ficava livre seus pecados e do inferno. E os papas podiam manter exércitos e fazer guerras. Hoje não há guerra, mas, como então, há pessoas dispostas a pagar pelos seus sonhos. Pela mágica da vida melhor que só a contribuição à igreja torna possível. Dinheiro suado de gente humilde, arrecadado sem pudor. Serão mesmo igrejas para louvar Cristo?
Promotor de Justiça aposentado - ivar4hartmann@gmail.com
sexta-feira, 1 de janeiro de 2021
Viramos
Heraldo Palmeira
A visão geral já consagrou que 2020 parou em março e ficamos no mesmo dia sombrio até o 31 de dezembro.
Nesta virada do tempo que vivemos de ontem para hoje, onde um reles segundo foi suficiente para nos mudar de ano e renovar esperanças, será ótimo se houver tempo para uma oração, mesmo que seja rápida. Se houver tempo para a gente pensar em tudo que nos incomodou no ano que acabou. Se houver tempo para a gente pensar no quanto incomodamos – ninguém é perfeito, nem mesmo nós e nossas verdades que desejamos absolutas, acredite.
Será ótimo pensar que é possível preparar nosso espírito para tentar estabelecer uma vida melhor aliviando nossas posturas, melhorando a convivência com o mundo. Sim, até mesmo com aquelas figuras que nos embrulham o estômago, mas que ainda cruzam nosso caminho.
Será ótimo a gente trabalhar nosso espírito para, no ano-novo, produzirmos muito mais fatos relevantes do que fotos arrumadinhas para as redes sociais.
Se houver um tempinho para aquela oração, pense nas pessoas que estão sozinhas. Muitas por pura contingência. Muitas porque, mesmo cercadas de gente por todos os lados, criaram contingências para a solidão. Muitas porque nem contingência restou.
Não esqueça de incluir as que perderam para a pandemia a própria vida ou vidas imperdíveis. Não duvide, há um sofrimento descomunal que talvez tenhamos relativizado porque olhamos demais para os nossos umbigos.
Erga também um brinde aos profissionais da saúde porque muitos de nós não é sequer capaz de avaliar o que essa gente realizou de bem sem olhar a quem. Serão eles que, mesmo compreensivelmente se sentindo traídos, vão acolher, tratar e salvar aqueles que seguem ridicularizando máscaras, medidas básicas de proteção e atacando o esforço que a ciência fez para nos trazer vacinas em tempo recorde.
É claro que não estou falando daqueles charlatães que vergonhosamente tentaram ganhar holofotes enquanto a única certeza que havia era o medo do inimigo desconhecido. Esses começam a ser tratados pelo senhor de tudo, o tempo.
Felizardo, ganhei da vida umas outras três ou quatro mães além de dona Toinha Palmeira, a original, de sangue, que está treze anos adiante de mim no tempo do infinito. Pois, ontem, recebi fotos redentoras de uma delas, mostrando a criaturinha danada – bem avançada além dos noventa anos – com a melhor cara do mundo, cuidando do pequeno jardim que mantém em sua casa.
Não faz muito ela sabiamente se pôs em recesso digital. Resolveu que ficaria fora do mar de mensagens que tentam nos afogar durante as vinte e quatro horas de cada dia. Sábia, “desligou a antena” por tempo suficiente para ser esquecida pela sanha das redes sociais e fez uma limpeza na lista de contatos, enviando chatos e radicais para a lixeira. Está de volta, feliz da vida, conectada a uma rede de algodão com varandas de renda bordada, onde só têm acesso felizardos como eu!
Pendurada no alpendre da casa praiana onde estou em temporada de isolamento e de achar a vida boa, uma bela peça do artesanato local dança ao sabor do vento marinho e não deixa dúvidas: “Palavras mudam um dia. Atitudes mudam uma vida”.
A atitude da minha mãe extra é a prova viva de que 2020 forneceu tempo suficiente para jogar no lixo aquelas ladainhas ignorantes que propagam um ritual achista-ideológico de bobagens. Na verdade, estamos fartos das pessoas que conhecíamos razoáveis e vestiram paramentos de sacerdotes das sandices.
Se o ano velho pôs o mundo de ponta-cabeça e finalmente viramos sua última página, nada melhor do que manter o mais saudável distanciamento social de tudo que ficou cansativo, inclusive depois que a pandemia for finalmente vacinada. Afinal, quem ajudou a piorar 2020 vade-retro com ele para o raio que os partam.
Estou aqui espichado numa rede de algodão com varandas de renda bordada e olhando para a placa pendurada no alpendre. O vento marinho é senhor do ambiente e mensageiro de um sussurro de paz. Mudou de dia, já é ano-novo que traz um tempo de atitude. Feliz 2021!
Praia de Pipa (RN), bem no comecinho de janeiro de 2021
Heraldo Palmeira é produtor cultural e colaborador do Bar de Ferreirinha