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domingo, 27 de janeiro de 2019

Fã ou puxa-saco?


Ciduca Barros

“O vinho é inocente, só o bêbado é o culpado”.
(Provérbio Russo)

Se um artista não tem fã ele não é um ídolo. Vendo e ouvindo a toda hora o que a imprensa nos mostra a respeito, deduzimos que é enfadonho ser um artista famoso, porque não se tem privacidade com tanto assédio. A tietagem desagrada tanto aos seus astros e estrelas que, em determinadas horas, eles se irritam com os fãs.
Não sei se isto procede, mas a cidade de Campina Grande alardeia aos quatros cantos que tem o maior São João do Mundo. Quem já esteve naquela festa sabe muito bem que a farra ali é grande. Por ocasião dos festejos juninos, para aquela cidade se deslocam pessoas de todo o Brasil e até do Exterior. Com habilidade e muita publicidade, os responsáveis por aquela festa tornaram-na um evento turístico que traz, logicamente, muita receita para o erário daquele próspero município paraibano.
Há alguns anos, um grupo de seridoenses organizou uma excursão para participar do “maior São João do Mundo”. Naquela cidade, ficaram num hotel onde, coincidentemente, também estavam hospedados alguns artistas que iriam se apresentar na festa.

Um dos conterrâneos, cidadão currais-novense bom de copo, já tinha tomado quase todas do bar do hotel, quando viu entrar um conhecido cantor de forró. E não deu outra, resolveu puxar o saco do artista: levantou-se, deu um formidável amplexo etílico e, aos berros, disse-lhe:
– Assisão, meu ídolo! Eu sou seu fã incondicional! 
E para mostrar que era mesmo um admirador exaltado, acrescentou: 
– Eu admiro tanto o seu trabalho que possuo três CDs seus!
O pobre do artista assediado, procurando se desvencilhar do abraço de Tamanduá e do fedor de bebidas alcoólicas, perguntou:
– Como você conseguiu adquirir três discos meus se, até agora, eu gravei apenas dois?
O conterrâneo deu aquela paradinha de Pelé e, apesar do seu estado etílico, reprogramou-se e mandou de volta:
– Hã! É porque tem um disco de que eu gosto tanto que comprei logo dois!

Escritor e colaborador do Bar de Ferreirinha

Epitáfio

Uma freira pediu para escreverem na lápide do seu túmulo:
Nasci virgem,
Vivi virgem,
Morri virgem!
O coveiro achou que eram 
muitas palavras para uma lápide tão pequena, e então resumiu em uma sentença:
Devolvida sem ser usada.


Chifre do Paraguai



Paz

"Paz na terra
aos homens
de boa vontade.
Isto é,
paz para muito poucos."

Millôr Fernandes

      

Moda xirimbaba



Roupas usadas

                                         
Fernando Pessoa

Há um tempo em que é preciso
               abandonar as roupas usadas
Que já têm a forma do nosso corpo
E esquecer os nossos caminhos
  que nos levam sempre aos mesmos lugares
É o tempo da travessia
E se não ousarmos fazê-la
Teremos ficado
para sempre
À margem de nós mesmos.





Pergunta boba



sábado, 26 de janeiro de 2019

Pedra


Para tropeçar, bastam os pés. A miserável pedra do tropeço cada um carrega dentro de si.
Dedé Di Pilaro

Agora feda



Bate boca

Aconteceu num dos discursos de um vereadorna Câmara de uma cidadezinha do Seridó.
Uma vereadora oposicionista pediu um aparte. 
Todos sabiam que o nobre vereador não gostava que interrompessem os seus discursos. 
Mas foi dada a palavra à vereadora. E ela disse em alto e bom tom:
- Sr. Vereador, se Vossa Excelência fosse o meu marido, eu colocava veneno de rato em seu café!
O edil, que era um homem educado, com muita calma, tirou os óculos e, naquele silêncio em que todos estavam aguardando a resposta, exclamou:
- E se eu fosse o seu marido... eu tomava esse café!

Violência



O Dragão sacana

João aos 7 anos de idade, dormia em sua cama, quando no meio do sono, apareceu um dragão e perguntou ao guri:

 
- E aí, fez xixi?

E o guri se mijou todinho e acordou todo molhado. E a partir desse dia, todas as noites ele sonhava com o dragão e se mijava todinho. João chegou aos seus 15 anos... e quando estava dormindo, advinha quem aparece no seu sonho? O maldito dragão, e pergunta a ele:
- E aí, fez xixi?
E o guri se mijou todinho, como sempre acontecia... Com o passar dos anos, João com seus 25 anos, resolveu se casar com uma linda moça, muito gostosa... Porém João nunca lhe contara sobre os sonhos que tivera com o dragão e o que acontecia. Então resolveu pedir ajuda a uma psicóloga:
- Então, João, me diga qual é o teu problema. Aconteceu alguma coisa? - disse a psicóloga.
- Senhora,  hoje é minha lua de mel, estou desesperado porque tenho certeza que um dragão filho da puta vai aparecer de novo nos meus sonhos e quando ele me perguntar se eu fiz xixi e eu vou me mijar todinho, e a minha esposa nunca mais vai querer saber de mim. - responde João triste e nervoso...
João, é muito simples de resolver isso. Quando ele aparecer no seu sonho e perguntar se você já fez xixi, responde pra ele... fiz e daí?... e ele vai ficar sem resposta. - Disse a psicóloga a João.
- Belezaaaaa, valeuuu... uhuuuu esse dragão vai se danar na minha mão hoje... - diz João contente.
Então João se casa feliz, com o sorriso de orelha a orelha, e em seguida segue para lua de mel. Já no hotel... antes de dormir, em pensamento, aparece o dragão fdp... - João pensa:"eu vou te pegar desgraçado... é hoje, seu otário." Depois de uma noite de muito amor, se deitou e dormiu. E no meio da noite e do seu sono, advinha quem aparece? Hein? Hein?! Lá vem o dragão filho da puta e pergunta:
- E aí, fez xixi?
E João com um sorriso besta respondeu:
- Fiz, e daí?
Então o dragão pergunta:
- E cocô?... 

Fodeu tudo



sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

O Capitão da amizade e da poesia



Nilson de Brito, caicoense por adoção, para todos tem o mesmo tratamento de “Capitão” e, assim, também ficou sendo chamado. Nascido sabugiense, no dia 26 de agosto de 1929, no sítio Pau d’Arco, o Capitão Nilson de Brito tem várias naturalidades. Em 1929 a terra onde nasceu era território de Serra Negra do Norte, mas já tinha a identidade de São João do Sabugi. Passou por São Fernando, terra de Maria Alice, sua dedicada esposa. Fixou-se em Caicó onde fez rica história de trabalho e amizade.
Nilson de Brito, filho de Inácio Correia de Brito e Maria Celestina de Jesus, foi agricultor e minerador nos primeiros anos de vida. Aliás, começou a trabalhar muito cedo no campo e na exploração de schelita em São João do Sabugi. Não descuidou, contudo, do desejo de aprender a ler e escrever. Por esforço próprio conseguiu não apenas se alfabetizar, mas criar condições de exercer, ainda jovem, a titularidade do Cartório de São Fernando.
Progrediu como tabelião. Foi promovido para o 2º Cartório da Comarca de Caicó. Contou com o apoio técnico do primo, Agostinho de Brito, para as noções básicas do Direito, mas se fez dedicado aprendiz para exercer bem o ofício de escrivão e tabelião, atendendo a todos com peculiar atenção.
Nilson de Brito é um colecionador de amizades. Sempre frequentou as boas conversas da cidade, em todos os segmentos sociais. Sempre solícito e atencioso, mesmo sendo firme em suas convicções políticas e partidárias.
Teve destacada atuação em clubes de serviço de Caicó, notadamente, no Lions Clube. Foi na gestão de Nilson que a instituição conseguiu construir postos de policiamento nas saídas da cidade, além de outras iniciativas relevantes construídas pelo voluntariado por ele coordenado.
Como pai de família, sempre teve muito orgulho dos filhos e filhas, de quem sempre foi amigo e companheiro. Do casal Nilson de Brito e Maria Alice de Brito nasceram: Paula Sonia de Brito, Paulo de Brito, Maria da Paz Brito, Marinilce Brito de Vasconcelos, Maria da Gloria Brito Medeiros da Fonseca, Nilson de Brito Junior e Pedro George de Brito 
O Capitão Nilson de Brito, na maturidade da vida, revelou-se poeta, inclusive, com duas publicações: Lembrança de Caicó em poesia verdadeira (1980), Ano 2000, Brasil 500 (1999). 
Uma das obras do poeta refere-se a história de Caicó. Está na publicada no segundo livro do Capitão. Vale a pena a transcrição:

Dos martírios de um vaqueiro
nasceu a nossa cidade.
Tem muita prosperidade
- prova até no estrangeiro,
pois ganhamos bom dinheiro
vendendo o algodão mocó.
Dentre as fibras, a melhor
lá na fábrica paulistana...
Foi do Poço de Santana
que nasceu meu Caicó.

Havia um touro encantado
assustando um fazendeiro:
_ "Vou pegar o mandingueiro!",
disse um vaqueiro afamado.
Do cavalo bom de gado
viu o bicho bem maior...
Entraram no mororó,
sumiram na jitirana...
Foi do Poço de Santana
que nasceu meu Caicó.

Depois que ele se perdeu,
voltando ficou feliz
de erguer a nossa matriz:
idéia que Deus lhe deu.
Mas ele nada temeu
por estar ali tão só.
À margem do Seridó
se valeu da Soberana...
Foi do Poço de Santana
que nasceu meu Caicó.

Criada em quarenta e oito,
a paróquia com afinco,
já na era trinta e cinco,
tudo no século dezoito.
Manoel Forte - homem afoito -
fundou a vila menor,
foi seu patrono melhor
com vocação mariana...
Foi do Poço de Santana
que nasceu meu Caicó.

Logo veio o Padre Guerra
e o senador Zé Bernardo.
Foram homens do passado
e orgulho da nossa terra.
Como os bravos de uma guerra,
defenderam o Seridó
- mas nunca estiveram só
nesta luta provinciana.
Foi do Poço de Santana
que nasceu meu Caicó.

Depois do Senador Guerra
o sertão ficou assim:
veio a escola de latim
- enriqueceu nossa terra.
Com a  fé de quem não erra
foi o político maior:
ensinou no Seridó
a linguagem lusitana.
Foi do Poço de Santana
que nasceu meu Caicó.

Dentro da sociologia,
um feito extraordinário:
a Irmandade do Rosário
veio à nossa freguesia.
Aos negros, trouxe alegria
a congregação maior.
Divulgando o Seridó
pela cultura africana...
Foi do Poço de Santana
que nasceu meu Caicó.

Veio o bispo Dom Delgado
- nosso primeiro pastor -
que o ginásio criou
e que deu bom resultado.
Dom Adelino - estimado.
Dom Manoel, não ficou só.
Dom Heitor, imitou Jó.
Dom Jaime, recebe hosana...
Foi do Poço de Santana
que nasceu meu Caicó.

São quatro o número de bustos
que a cidade esculturou:
Dom Delgado e Monsenhor,
Eduardo e Zé Augusto.
Estátua não causa susto
desde a era de Jacó,
pois até o faraó
era gente soberana...
Foi do Poço de Santana
que nasceu meu Caicó.

Nós temos muitos valores
nos colégios da cidade:
nossa grande mocidade
de alunos e professores.
Dos muitos governadores,
sete são do Seridó:
quatro já dormem no pó,
sobra o trio que hoje se irmana...
Foi do Poço de Santana
que nasceu meu Caicó.

Da relação das pessoas que Caicó estima, seguramente, Nilson de Brito figura em lugar de destaque.

Fernando Antonio Bezerra é escritor, advogado e colaborador do Bar de Ferreirinha.
Este texto foi publicado no livro Caicó de todos nós, de 2018, Editora Sebo Vermelho.

Bibicadas

"Há mais filosofia e
sabedoria numa
garrafa de cachaça
que na Internet."
Bibica Di Barreira



Realidade

FLORBELA ESPANCA

Em ti o meu olhar fez-se alvorada
E a minha voz fez-se gorgeio de ninho...
E a minha rubra boca apaixonada
Teve a frescura pálida do linho...
Embriagou-me o teu beijo como um vinho
Fulvo de Espanha, em taça cinzelada...
E a minha cabeleireira desatada
Pôs a teus pés a sombra dum caminho...
Minhas pálpebras são cor de verbena,
Eu tenho os olhos garços, sou morena,
E para te encontrar foi que eu nasci...
Tens sido vida fora o meu desejo
E agora, que te falo, que te vejo,
Não sei se te encontrei... se te perdi...


Argumento para a próxima eleição



Tatuagem



Povo

Só há dois grupos definitivamente contra o povo:
o povo e os representantes do povo.
                                          Millôr Fernandes

Mãe é mãe