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domingo, 10 de setembro de 2023

Manual do Muambeiro Mirim - Parte 2

COMO USAR O AVIÃO PRESIDENCIAL PARA CONTRABANDEAR ROLEX PARA OS EUA

Você sabia da lenda de que Santos Dumont foi o inventor do relógio de pulso?

Pois é, caro muambeiro mirim, o pai da aviação precisava de um relógio que fosse prático para ver as horas durante seus voos.

Então pensou: por que não amarrar um relógio, que até então era apenas de bolso, no pulso? 

Pronto, um pequeno passo para o homem, um salto gigante para o contrabando internacional.

A ligação entre a aviação e o contrabando é umbilical. 

Você, como pequeno muambeiro, pode se deparar com a missão de ter que exportar infralegalmente um brilhoso presente dado ao Estado brasileiro (ou 39 quilos de cocaína, mas isso é para outro manual). 

Se isso ocorrer, pense como Dumont: amarre-o ao seu corpo. 

Ainda mais se o muambeiro mirim em questão for presidente da República.

Quando você entra na casa de um colega para tomar um suco é revistado?

Normalmente não. 

Pois é a mesma coisa com um presidente. 

Ninguém revista um chefe de Estado na entrada de um país amigo. 

Nós temos braços e pernas e podemos usá-los para mais do que mera locomoção. 

A ciência (urgh) nos diz que o antebraço de um ser humano adulto comporta, em média, até 6,3 relógios (4,7 se forem cravejados de diamantes), portanto, é possível contrabandear até 12,6 relógios e ainda alguns anéis e pulseiras sem ter que passar nada pela cruel alfândega. 

Então, da próxima vez que seu amigo árabe lhe oferecer um suco, ou um relógio avaliado em 300 mil reais, lembre-se: use a cabeça, os braços e as pernas!

COMO VENDER E RECOMPRAR 

O MESMO RELÓGIO

Você já ouviu falar em “pegada de carbono”? 

Esse é um conceito inventado por uma turma de malucos chamados “ambientalistas”.

Esses inimigos do progresso dizem que tudo que nós consumimos deixa para trás um rastro tóxico de poluição gerado pela queima de combustíveis fósseis.

Essas ideias abiloladas podem parecer inúteis, nocivas, ultrajantes, e até papo de maconheiro de DCE, mas também podem ser usadas a nosso favor. 

É aqui que apresentamos a ideia de “pegada de papel carbono”.

O papel carbono era um método muito usado para copiar documentos desde a época dos fenícios, passando pelo Império Romano, o Asteca, o Flamengo de 2009 e 2010, quando ali reinou Adriano, O Imperador, até desembarcar nos nossos dias presentes, a chamada Era de Ouro do Ouro. 

Em posse de uma cópia de um recibo, de um contrato ou de uma escritura qualquer, um legalista mal-intencionado pode provar que uma transação comercial foi feita e dar com a língua nos dentes se tornando um X-9 e um tremendo vacilão.

Esses documentos, portanto, podem se transformar em alimento do terrível monstro chamado Tribunal de Contas da União. 

Esse gigante sem rosto tem um apetite insaciável por provas e fareja cada pegada deixada em nosso caminho. 

É preciso, portanto, cobrir nossos rastros. 

Primeiramente, com a tesoura sem ponta, picote todo e qualquer documento que prove alguma ligação sua com a recompra de um relógio Rolex. 

Em seguida, com o líquido inflamável, queime esses registros. 

Depois adicione

dólares a gosto no envelope pardo. 

Com a cola branca cole as pontas e sele o envelope. 

O próximo passo é usar seu dedo indicador para ligar para o dono da loja que te revendeu o Rolex e oferecer-lhe o referido envelope como contrapartida ambiental para que ele não deixe nenhuma pegada de papel carbono. 

E pronto: assim você evita o derretimento da sua moral!

Para isso o sempre intrépido muambeiro mirim vai precisar de:

- 1 tesoura sem ponta

- 1 envelope de papel pardo

- 1 tubo de cola branca

- 3 litros de álcool, gasolina ou qualquer líquido inflamável

- 1 dedo indicador

- Uma quantia indiscriminada de dinheiro em espécie, preferencialmente de moeda estrangeira.

COMO FOTOGRAFAR UMA ESCULTURA 

ROUBADA SEM APARECER NA FOTO

Pequeno muambeiro, o caminho que vai lhe guiar até um futuro próspero, provavelmente como adido muambo-militar em algum canto do mundo, passa necessariamente por um preceito básico: sempre escute os mais velhos. 

É preciso respeitar a hierarquia e a sabedoria dos muambeiros experientes que estão nessa vida de contrabando desde a época do pau-brasil. 

Um dos ensinamentos de nossos anciãos diz assim: “O que os olhos não veem o Leão não prende.”

A visão é uma inimiga mortal do profissional da muamba. 

Uma inimiga astuta que se atualiza diariamente através de tecnologias sofisticadas como o raio X, o infravermelho, os drones e a câmera do telefone celular de generais que não entendem conceitos básicos de óptica.

Para estar um passo à frente do inimigo, o muambeiro mirim moderno deve ser o antinarciso, e fugir do próprio reflexo como o diabo foge da cruz, ou como Neymar pai foge de auditorias fiscais. 

Se em algum momento lhe for requisitado o serviço de fotógrafo de esculturas árabes com superfícies de vidro, fique esperto!

Lembre-se dos treinamentos de guerra, e cubra-se com a camuflagem que te torna invisível ao inimigo. 

Sim, porque afinal de contas, todo dia é dia de guerra contra a ameaça comunista. 

E toda escultura de ouro mal fotografada pode ser uma arma nas mãos de quem pretende destruir a salutar instituição dos muambeiros mirins. 

Leia a Parte 1 AQUI 

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