Eu era pequeninho e meus pais tinham um guaipeca chamado Leãozinho. Adulto, tive o Banzé, um pequinês neurótico que afugentava os cães maiores, para se adonar da comida. E o Platero, homenagem ao burrico da Gabriela Mistral. O pelo de arame branquinho tomava banho e corria a se sujar de novo. O Sepé, perdigueiro de Jaguari, que morava no campo e muito antes de eu chegar, sexto sentido, corria para a porteira. O Pan, pastor alemão da Brigada, forte como um touro, manso como um cordeiro. E o Bozó, a Sissi e agora a labradora Neneca que adotou minha mulher em uma rua de Gramado. A companhia de cães e gatos hoje é lugar comum pelo Brasil. E cada bichinho tem sua história. E para os humanos seus proprietários (serão?), fontes de alegria e passatempo. Recomendados pela psicologia porque ajudam a combater o stress. Nas cidades hoje se encontram mais pets que supermercados e, mesmo estes, tem todo um corredor de alimentos e acessórios para os bichinhos.
A Marina, minha mulher, tinha um pequinês. Morreu esta semana. Quinze anos bem vividos. E bem cuidados. Cirurgias, comidas especiais, medicamentos. A medida que ia envelhecendo iam lhe faltando os movimentos e por último a visão. Como milhares de lares brasileiros habitados por cães ou por gatos, acabamos sentindo que nosso amigo está se despedindo da vida, faltam-lhe as forças e os movimentos. Visão, paladar e olfato. Todos nós que amamos estes companheiros, passamos por isso. É uma despedida triste porque os animaizinhos acompanham nossas vidas. Este amigo chamava-se Migo. Nome bem dado para quem fazia por ficar sempre perto da dona. Tudo passa na vida. O Migo também passou. Vai deixar saudades. Bichinho que só deu carinho e alegrias. Tão em falta na vida moderna.
Promotor de Justiça aposentado - ivar4hartmann@gmail.com
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