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domingo, 22 de março de 2020

A cadeira elétrica


Ciduca Barros

Esta pitoresca história aconteceu há muitos anos, quando, pelas dificuldades de estradas e de transportes, raramente nossos conterrâneos viajavam à capital do estado.
O cara viajou a Natal e, por necessidade do que ele precisava resolver, esteve numa determinada repartição que ficava situada num alto pavimento de um edifício. 
Então, ele teve que utilizar um elevador.
No momento do seu atendimento, ele demonstrava muita satisfação. 
Ele estava tão eufórico que parecia que havia ganhado na Loteria Federal (aquela das tirinhas). 
Todos notavam o prazer que aquele sertanejo evidenciava.
Sentindo aquela sensação de bem-estar do conterrâneo, a pessoa que o atendia indagou-lhe o motivo de tanta satisfação:

– É, amigo! Nós, lá do sertão, não temos oportunidade de usufruir nada. Aqui, na capital, a gente toma parte em tudo. Quando retornar, eu tenho uma grande novidade para contar pra minha mulher e aos meninos. Vou contar até mesmos aos meus compadres!
– Contar o quê? – perguntou o atendente.
– Que aqui, eu andei até na Cadeira Elétrica!
*****
E por falar em elevador, conta-se também que, naqueles velhos tempos, um determinado prefeito municipal de um pequeno município do Seridó Paraibano, célebre por suas mancadas causadas por sua rudeza, esteve numa Secretaria Estadual, na capital, para tratar de um assunto ligado à sua administração. 
Foi ali que ele conheceu e andou, pela primeira vez, num elevador. Alguns dos seus conterrâneos (opositores, certamente) juram que, naquele mesmo dia, ele quis dar uma gorjeta ao ascensorista e ainda lhe perguntou:
– Por quanto você me deixa na Rodoviária?

Escritor e colaborador do Bar de Ferreirinha

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