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terça-feira, 21 de novembro de 2017

De novo, Natal!

Ivar Hartmann

Minha mulher, de origem alemã, terminou de enfeitar a casa para o Natal. Ficou lindíssima. Por todo mundo, a tradição cristã da Europa Central ganha às ruas e os noticiários. O Natal Luz de Gramado é a segunda festa mais popular do Brasil e a que por mais tempo se prolonga. Aparecem fotos de um lugarejo do interior da Alemanha, onde nas florestas estão sendo ensacados pinheirinhos para venda nas cidades grandes. Uma vez passamos um Natal em Zurique. Aluguei um apartamento perto dos Chocolates Lindt. Recém-mobiliado, amplo, envidraçado, com frente para o lago. O Ivarsinho comprou os enfeites natalinos. A Marina resolveu fazer uma ceia com peru (que ao final não era peru) e a Bruna se encarregou da sobremesa. Tinham para vender no supermercado pinheiros artificiais. Mas tinha também a venda em um terreno baldio, não longe, pinheirinhos de verdade. Destes que se usam no Natal no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Ensacados em plástico transparente para facilitar o transporte. Escolhemos um e o dono viu que éramos estrangeiros e perguntou-nos como iríamos fixá-lo. A resposta brasileira: “Vamos dar um jeito!” “Olha, retorquiu o homem, eu tenho ali no canto uma base de metal usada para pinheiro, se quiserem podem levar, para facilitar.” Resumindo, ele nos deu a tal base de fixação que, nova, custaria mais que a árvore. E que se mostrou de uma utilidade ímpar. Quando fomos embora depois do Ano Novo pensei em levá-la junto e relutei em deixá-la. Mas pesava! Não sei por que um metalúrgico não pensa em fabricar igual aqui.
Assim, família de origem alemã, na Suíça, estávamos prontos para passar o Natal. E então, minha gente, sucedeu aquilo que se pensa e deseja: começou a nevar! E nevou. E nevou. As ruas se confundiam com as calçadas na altura da neve. As árvores ficaram brancas, o asfalto negro, deu lugar a pistas brancas. A sacada do apartamento ficou com mais de um palmo de neve. Que alegria. Que felicidade. Na minha casa o Natal era sagrado e meus pais tratavam de arrumar um pinheiro, enfeitá-lo e colocar um presépio na base. De tanto vê-los, aprendi e, adulto, fiquei responsável pelo presépio aproveitando o vão das lareiras, e de enfeitar o pinheirinho. Mas, com neve? Nem em sonhos. Nunca. Foi um presente maravilhoso e bem natalino. Escrevam e não tenham dúvidas. É psicológico: a casa natalina deixa os moradores de coração mais leve.

ivar4hartmann@gmail.com

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